Prédio abandonado em Fortaleza tem estrutura comprometida e preocupa moradores

Enormes rachaduras na estrutura e entulho acumulado fazem parte do cenário de abandono do Edifício Saint Patrick, na rua Andrade Furtado, bairro Cocó. O POVO Online foi até o local

14:22 | Out. 25, 2019

Edifício Saint Patrick's: projeto de demolição pode prever evacuação de imóveis vizinhos (foto: Sandro Valentim)

Atualizada às 15h17min

Uma enorme rachadura em uma das colunas da fachada, entulhos e lixo acumulados na entrada, janelas quebradas, portões enferrujados. Essas são uma das características que compõem o cenário do Edifício Saint Patrick, um prédio abandonado há seis anos, no bairro Cocó, que tem preocupado moradores vizinhos. São 13 andares e 20 apartamentos. O POVO Online recebeu a denúncia e visitou o local na manhã desta sexta-feira, 25.

“Nós já vínhamos reclamado várias vezes, antes de acontecer essa tragédia com o Andréa. Isso aqui é uma tragédia iminente. Se não tomarem medidas para realmente solucionar o problema, isso vai cair, vai ruir”, alerta Elizabeth Santiago, síndica de um prédio vizinho ao Saint Patrick, distante cerca de 20 metros.

Elizabeth mora na rua há 33 anos e chegou a ter contato com os ex-moradores do prédio abandonado. “Quando ele era habitado, as pessoas que moravam aqui tinham uns filhos que cresceram junto com os meus. Depois que eles abandonaram aqui, a gente está esse problema, querendo que seja solucionado, porque é um risco muito grande”, desabafa.

A preocupação da síndica é, principalmente, relacionada a partes do prédio que não podem ser vistas, como alicerce e colunas do subsolo. “Umidade, ferragens expostas. Já aconteceu de cair parte das cerâmicas, das caixas de ar condicionado caírem no telhado do outro prédio aqui atrás”, denuncia Elizabeth.

FORTALEZA, CEAR (Foto: Sandro Valentim)

Há seis anos, os moradores saíram do prédio já pelo local estar com estrutura comprometida. À época, um laudo foi emitido e um valor para reforma chegou a ser estipulado, mas os condôminos preferiram sair do local. Segundo Elizabeth, alguns apartamentos ainda pertencem às pessoas que habitaram anteriormente o Saint Patrick, mas algumas unidades, cerca de 11, foram compradas por uma empresa de serviços terceirizados.

A reportagem teve acesso ao prédio onde Elizabeth mora, a fim de visualizar melhor o Saint Patrick. Jaqueline Santos, que trabalha há cinco anos em um dos apartamentos no sétimo andar, citou a tragédia do edifício Andrea em comparação e disse “temer que o mesmo aconteça”.

Não somente Elizabeth denuncia a situação, como também moradores de outros edifícios próximos. Muitos curiosos também param na rua para observar a estrutura em ruína. Somente pombos ainda habitam os apartamentos, onde ainda é possível ver restos de mobília, como armários, pias e secadores de roupas. O Saint Patrick é circundado por um terreno baldio e três outros edifícios. O medo de quem habita próximo é constante. “Nós tivemos problemas de muito mosquito, pessoas com chikungunya e dengue no nosso prédio”, conta Elizabeth.

FORTALEZA, CEAR (Foto: Sandro Valentim)

O POVO Online entrou em contato com o síndico em exercício do prédio abandonado, Adriano de Paula. Ele disse que na próxima segunda, 28, vai acontecer uma assembleia com as pessoas que ainda possuem unidades no Saint Patrick. Há expectativa de que o prédio seja demolido. “Já havia se discutido sobre o prédio, mas não evoluiu para o conceito de demolição. Estou solicitando orçamento de engenheiros. A ideia é buscar unanimidade”, explica Adriano.

A reportagem entrou em contato com a Defesa Civil, através de e-mail, solicitando posicionamento do órgão sobre a situação do prédio. Em nota, a Defesa Civil informou que, por estar com todas as suas equipes, diariamente, realizando vistorias técnicas em diversos prédios - abandonados ou ocupados -, em Fortaleza, há uma grande demanda de registro de ocorrências e não existe a possibilidade de informações individuais sobre a edificação citada.

A Defesa Civil também informou que tem, atualmente, 119 agentes capacitados e treinados para atender às diversas ocorrências demandadas pela população, e que equipes de plantão trabalham 24h, diariamente. A população pode realizar os chamados através do telefone 190.

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