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Após fala de RC, artistas manifestam apoio à ocupação da Secultfor

Integrantes do #OcupaSecultfor reivindicam R$ 4 milhões para o edital das Artes. Coletivos e artistas, como Jesuíta Barbosa e Fernando Catatau, defenderam a ocupação

15:22 | 20/10/2015

A ocupação da Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor) segue pelo sexto dia, e ainda não há prazo para análise do último documento entregue pelos artistas. A contraproposta dos representantes de 13 linguagens artísticas, que estão no prédio desde o dia 14 de outubro, reitera a defesa de R$ 4 milhões para o edital das Artes de 2015.

Uma declaração do prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, nessa segunda-feira, 19, mobilizou vários artistas nas redes sociais. Ele afirmou que a ocupação da Secultfor tem carga de "militância fortemente partidária", o que foi rebatido pelos participantes do movimento.

"É uma ação forte [a ocupação], mas o mais violento é descaso da atual gestão com a produção artística de cultural da cidade. Estamos falando de políticas públicas", defende o ator e produtor cultural, Gyl Giffony. O também ator e dramaturgo Ricardo Guilherme postou, em sua página oficial do Facebook, que os artistas realmente são militantes, mas de ''partidos das artes''.

Ele brincou com as siglas dos partidos políticos e informou que os artistas são, por exemplo, do Partido do Teatro (PT), Partido da Dança e dos Tambores (PDT) e Partido das Mídias Digitais Brasileiras (PMDB), dentre outros. De acordo com Guilherme, ainda que influenciados pelos líderes do ''Movimento dos Sem Trabalho’’, os manifestantes não impediram as atividades dos funcionários da pasta.

"Quem acaba de impedir que os trabalhadores da Secultfor continuem a trabalhar é o senhor Roberto Cláudio. E tal decisão afronta a população de Fortaleza que por seus impostos paga os servidores agora impedidos de trabalhar pela cidade", citou Guilherme. Como ele, engrossaram o coro contra a fala do prefeito o guitarrista e vocalista do Cidadão Instigado, Fernando Catatau, e o ator global Jesuíta Barbosa.

As atividades administrativas e de atendimento ao público na Seculfor foram suspensas nessa segunda-feira, 19, medida criticada pelos manifestantes. "Temos o maior cuidado com o prédio, e a população está abraçando o movimento", afirmou o ator Ari Areia.

De acordo com a Secultfor, a contraproposta dos integrantes do movimento #OcupaSecultfor foi encaminhada à chefia de gabinete do prefeito, mas ainda não há previsão para a análise.

A agenda no local, ainda segundo Gyl, segue ativa, com assembleia durante à tarde e aulas de dança, teatro e audiovisual . “São cursos da UFC que nos apoiam diretamente. Muitos artistas estão chegando oferecendo show e ensaios, A Arquidiocese de Fortaleza também nos visitou ontem para apoiar”, cita Gyl.

De acordo com o ator e produtor cultural, o prédio não tem previsão para ser desocupado. “Estamos dispostos a ficar o tempo necessário para estabelecer um diálogo importante para a cidade", frisa.

Saiba mais

Em quase três anos da gestão do prefeito Roberto Cláudio, nenhuma edição do Edital das Artes foi lançada. O dinheiro disponibilizado para 2015, de R$ 1 milhão, é quase um terço do valor lançado em 2011 - quando estava orçado em R$ 2,92 milhões.

O movimento #OcupaSecultfor é organizado pelo Fórum de Linguagens Artísticas, que representa 13 linguagens. São elas: teatro, música, literatura, dança, audiovisual, artes visuais, canto, circo, cultura tradicional popular, fotografia, moda, humor e mídias digitais.

Uma das justificativas apresentadas pela Prefeitura ao O POVO Online foi a de que o valor foi garantido, "apesar da crise". “Tenho a compreensão de que a cultura é fundamental para a nossa cidade. Agora, é importante que os fatos sejam esclarecidos. Esse recurso é extra, não estava previsto”, disse RC, nessa segunda-feira, 19.

Notas de apoio
Dezenas de coletivos, grupos, companhias e associações do Ceará estão apoiando o movimento. Além dos artistas cearenses, companhia de teatro do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraíba e Rio Grande do Norte.

O Reage Artista disse que é incomcebível que a Prefeitura de uma cidade tão artisticamente rica fique quatro anos sem lanças um edital. "A arte é a mais subestimada das tecnologias, mas é urgente que isso mude!", publicou, em nota.
A Cooperativa Paulista de Teatro classificou a ocupação como "ato corajoso". "A Cooperativa se solidariza com os companheiros das artes, que de forma contundente, travam essa batalha ocupando uma trincheira".

O Fórum Teatro de João Pessoa afirmou, em nota, que o funcionamento da lei de incentivo é o respeito e reconhecimento do trabalho dos grupos artísticos, "referências fundamentais para o trabalho educativo". A Companhia Teatro dos Ventos - Osasco afirma que é "irevogável o dever de suporte da Secretaria".

O Movimento SOS Cultura e o Teatro Imaginário Maracangalha de Campo Grande (MS) também publicou nota de apoio à ocupação. "Ocupar, resistir e lutar! Avante firmes e fortes, estamos juntots mudando o Brasil".

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