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Para dono da página Ceará Libertário, "zoeira'' é positiva

O POVO Online conversou com o administrador da página "Ceará Libertário" sobre a repercussão da postagem que viralizou e ganhou memes, tais como "manda nudes"

11:02 | 09/09/2015
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Você provavelmente já viu a imagem de um grupo de estudantes segurando cartazes com a frase “Na Unifor não tem greve. Nem pichadores”. A postagem da página do Facebook ''Ceará Libertário'' viralizou nas redes sociais na última sexta-feira, 4, e ganhou uma série de memes. A polêmica, no entanto, está maior ainda no texto do grupo, que levanta a ideia da educação como um serviço.

O dono da página e estudante de comércio exterior da Universidade de Fortaleza (Unifor) - justamente a citada no ato-, Leonardo Ferreira, 23, admite que não esperava uma repercussão tão grande. “Achei que incomodaria, porque as pessoas não entendem de cara esse conceito. Acham que a gente é um bando de filhinho de papai querendo privatizar e acabar com a educação pro pobre. Mas nós acreditamos é em um modelo econômico diferente”, defende.

Os memes da foto trazem as frases “manda nudes”, “falta noção” e “não passei no Enem”. Apesar disso, Leonardo acha que a “zoeira” foi positiva, pois calcula que as curtidas da página subiram de 1.600 para 2.600. "Eu achei ótimo , não só os memes, mas todo o impacto negativo. Isso ajuda eles a ter um primeiro contato. Nós somos acostumados [com as críticas]. Essas ideias são difíceis de entender”, frisa.

Segundo Leonardo, a ideia da “Ceará Libertário” é difundir uma ideologia de cunho liberal e libertário, defendo uma economia mais aberta, uma sociedade mais livre. “Acreditamos em um governo que não interfira na vida privada das pessoas e elas possam se ajudar por meio do voluntarismo. O que o Estado faz é coagir as pessoas a força e oferecer serviços que elas não pediram. Nunca pedi para ter saúde e educação do Estado, mas não posso recusar, tenho que pagar os tributos”.

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De acordo com o estudante, as relações humanas devem ser consolidadas com o voluntarismo e filantropia, de modo que a população seja livre economicamente. “A educação não é um direito, consiste em um recurso escasso, é um serviço econômico. Necessita que algum indivíduo trabalhe, se prepare e ofereça esse serviço em troca de um salário. Nunca conseguiremos administrar esse serviço escasso de forma racional. As pessoas ficam alienadas de tantos direitos e não conseguem controlar a vida econômica delas. Dificulta as relações humanas, e o Estado centralizado oferecendo tudo diminui a humanização da sociedade”, completa.

 

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Apesar da página virtual, os defensores do Ceará Libertário estão ligados a grupos de discussão sobre seus ideais, como o “Grupo de Estudo do Dragão do Mar’’. O economista e filósofo Ludwig von Mises, que ilustra a foto de perfil da página, é um dos autores citados por Leonardo para embasar seu pensamento. “Temos outros, mas digamos que esse representa nossa visão sobre economia. Ele é exatamente o extremo de Karl Marx, tudo que um prega é o oposto do outro”, resume.

“Pichadores”
Apesar da frase sobre “pichadores” parecer uma referência ao ato de ocupação promovido por estudantes da Universidade Federal do Ceará (UFC), na ultima semana, o criador da página informa que ''o foco é desmistificar os serviços estatais de forma geral''. E nega a coincidência: “em nenhum momento a postagem dos cartazes se referiu à Universidade Federal do Ceará”.

“Acreditamos que os movimentos grevistas do setor público são uma afronta àqueles que fazem parte do setor produtivo, aqueles que tem seu dinheiro roubado para sustentar a grande máquina estatal, utilizada por determinados grupos visando caprichos ideológicos e o vago objetivo do bem-comum”, completou o grupo, em nota.

Até a manhã desta quarta-feira, 9, a postagem já somava 2.272 "curtidas" e 2.271 compartilhamentos. Leonardo diz que as mensagens de apoio, via inbox, também são numerosas. “Por inbox não recebi mensagens hostis, mas veio gente até de outros estados apoiando e acreditando nas mesmas ideias. Perguntando como fazer grupos de estudos”, afirma.

Redação O POVO Online
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