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Licitação da compra do leite para crianças com mães soropositivas será aberta no dia 20

Alguns hospitais receberam o leite de forma emergencial, segundo a Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/Aids no Ceará. O abastecimento, no entanto, é insuficiente até a licitação para a compra da fórmula

13:30 | 05/08/2015

Os hospitais da rede municipal e estadual ainda estão recebendo, emergencialmente, a fórmula láctea específica para crianças de até seis meses cujas mães são soropositivas. A falta do leite, no entanto, segue dificultando a vida das pessoas que precisam da substância e não há previsão de quando a situação será regularizada. A licitação para aquisição de 25 mil latas do leite será aberta no próximo dia 20 de agosto, conforme a Secretaria de Saúde do Estado (Sesa).

O atraso no repasse da fórmula para os hospitais da rede municipal, estadual e federal, foi noticiado há um mês pelo O POVO, mas somente nessa terça-feira, 4, algumas latas chegaram. "As latas dos hospitais do município chegaram ontem, e os hospitais do Estado com situações mais urgentes receberam algumas compradas do Albert Sabin. O problema não foi solucionado, só será resolvido mesmo depois da licitação, mas até lá essa quantidade é insuficiente", destacou o coordenador da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/Aids no Ceará, Vando Oliveira. As 25 mil latas, a serem compradas por meio da licitação, são para o abastecimento de um ano, apontou a Sesa.

 

[SAIBAMAIS 1] Uma das mães soropositivas* que necessita das latas contou ao O POVO Online que teve que "se virar" para adquirir a substância, pois a compra do leite pesa no orçamento. "Eu recebi algumas latas em maio e junho, mas em julho comprei pegando dinheiro emprestado. Às vezes é deixar de comer, quando eu vejo a lata seca dá um desespero, o bebê precisando. É um valor que eu não tenho condições, custa uns R$ 18 em algumas farmácia, ou até mais", explicou.

Segundo a mãe, que tem outros três filhos, as atendentes da maternidade Escola Assis Chateaubrian (Meac) sempre têm a mesma resposta: não há previsão para a chegada da fórmula. "Eu ligo e dizem 'sem previsão, meu amorzinho'. A gente não liga para ser chata não, é porque precisamos mesmo", frisou. Apesar do abastecimento emergencial, a mesma resposta foi recebida pelo O POVO Online na manhã desta quinta-feira, 5, quando entrou em contato com a Meac.

"O Estado nos comunicou esse atraso, pois os municípios precisariam ter uma previsao de compra de três meses. Na sexta-feira passada o fornecedor entregou as latas que compramos para a assistência farmacêutica do município e já abastecemos as unidades", disse ao O POVO Online a coordenadora da área técnica de DST/Aids e Hepatites Virais do município, Fabiana Sales. Ao todo, ela afirmou que o hospital de Messejana recebeu 350 latas, pois atende 34 crianças. O Hospital Nossa Senhora  da Conceição, que atende seis crianças, recebeu 70 latas.

Procurada, a Sesa disse que adquire latas de leite, de forma emergencial, para assegurar o atendimento às crianças. Nao há prazo para a compra das latas, pois a data depende do período da licitação, ainda segundo a assessoria da pasta. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que realizou a compra das latas até o Estado regularizar o repasse. O número de crianças atendidas não foi informado.

Leite para crianças
Segundo Robério Leite, infectologista e professor adjunto na Universidade Federal do Ceará (UFC), o leite materno no caso de mães soropositiva leva alto risco de contaminação das crianças, fazendo com que seja imprescindível a ingestão de uma fórmula infantil adequada, como a que está em falta nos hospitais.
O repasse deve ser feito na unidade de saúde em que a criança nasceu e é determinado por portaria do Ministério da Saúde (MS) que destina verba ao Estado para compra do leite.

* a fonte preferiu não se identificar, temendo preconceitos com a condição soropositiva

Serviço
O POVO Online procurou a Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde Pública, mas nenhuma denúncias sobre a falta de leite para crianças com mães soropositivas foi registrada.
Para denúncias relacionada à saúde, envie e-mail para psp@mpce.mp.br

 

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