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Organização denuncia irregularidades trabalhistas em cruzeiros

Excesso de jornada de trabalho é a principal irregularidade que teria sido cometida. Empresa nega. De 35 denúncias, 25 foram no Ceará

17:51 | 29/07/2015
A Organização de Vítimas de Cruzeiros (OVC) denuncia que há excesso de jornada de trabalho, retenção de passaporte, fornecimento de comida não balanceada e outras irregularidades trabalhistas dentro dos navios que cruzam o mundo e prometem ganho, em dólar, para muitos jovens brasileiros. A empresa que recruta os funcionários no Ceará, Rosa dos Ventos, nega as denúncias e afirma que os problemas são relatadas por uma minoria dos tripulantes recrutados.

O diretor da OVC, Márcio Freitas de Castelo Branco, diz que existem cerca de 35 denúncias formais contra empresas de cruzeiros, que somam cinco no Brasil. Sua própria história retrata os supostos descasos relatados."Eu adquiri uma infecção respiratória a bordo e tomei medicamentos que me deram reação alérgica e fiquei com os movimentos dos membros paralisados. Desembarquei na Grécia, sozinho, e tive de contar com a ajuda da embaixada brasileira", lembra Márcio, sobre a situação vivida em julho de 2010.

Conforme ele, do total de denúncias, 25  foram registradas no Ceará. Um inquérito criminal está na Polícia Federal, denunciando "prática de crime de frustração de direito assegurado por lei trabalhista, em razão de fornecimento de condições de trabalho degradantes a bordo do navio MSC Crociere, maus tratos, não recebimento do último salário, retenção de passaporte, dentre outras irregularidades". 
 
No Ceará, o Ministério Público Federal (MPF) recebeu uma ação com denúncias e a repassou ao Ministério Público do Trabalho (MPT). Conforme Márcio, uma audiência, amanhã, discutirá a questão junto ao senador José Pimentel.  

EMPRESA NEGA DENÚNCIAS

O diretor da empresa Rosa dos Ventos, Diego Cabral, destaca que já foram embarcados 7.500 tripulantes. "De março de 2015 até março de 2016, devemos embarcar mais de 1.200 pessoas, sendo 70% reembarque. Se as condições fossem ruins, a repercussão seria enorme e não teria essa faixa de reembarque", analisa. Diego nega o excesso de horas de trabalho, justificando que há controle com ponto eletrônico no navio e fiscalização do Ministério do Trabalho. 

Sobre a ação que tramita no MPT, Diego afirma ter conhecimento do caso, mas que não "leva muito em consideração" por se tratar de uma situação específica. "Algumas pessoas não se adaptam à vida no navio. No caso do Márcio, ele  pegou uma bactéria em terra e não se conformou. Mas foi um problema pontual", relata. Sobre a comida, o diretor da Rosa dos Ventos explica que os alimentos não têm o mesmo sabor dos ingeridos em terra. "No navio, temos mais de 50 nacionalidades, não podemos ter um sabor único", acrescenta.
Redação O POVO Online 
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