Quixadá transforma o sertão em museu vivo de fé e cultura
Mais do que um destino, Quixadá oferece uma experiência única em que tanto a arte quanto a devoção abrem caminhos para contar a história da cidade e de seus habitantes, sempre ilustrada por belas paisagens
11:32 | Set. 18, 2025
Chegar em Quixadá é adentrar um universo de eventos, paisagens e mistérios que moldam a identidade do sertão central cearense. Como se caminhássemos num museu a céu aberto, a cidade surpreende a todo momento com seu casario histórico, a beleza natural dos monólitos e séculos de cultura e devoção.
O guia Ricardo Lima conta que “alguns chegam buscando fé e acabam se emocionando nos templos do nosso turismo religioso. Outros vêm pela história e saem admirados com a força de ícones como Rachel de Queiroz e Cego Aderaldo, ou diante da grandiosidade da construção centenária da parede do Açude Cedro”.
É percorrendo este museu vivo que nos deparamos com belezas naturais e expressões artísticas e de fé religiosa em diversos espaços, todos eles abertos para visitação e cheios de histórias para contar.
Turismo cultural
Pedra da Galinha Choca
O cartão-postal da cidade é formado por três blocos de pedra que, juntos, lembram o formato de uma galinha: cabeça, dorso e costas. Com 414 metros de altura, a Pedra da Galinha Choca é um dos destinos mais procurados pelos turistas. É possível percorrer uma trilha até seu topo, onde um mirante natural revela uma vista de tirar o fôlego.
Açude do Cedro
Aos pés da galinha, está o açude mais antigo do Brasil e o sétimo maior reservatório de água do Ceará. Construído entre 1882 e 1906 por ordem de Dom Pedro II em resposta à grande seca dos anos de 1877 a 1879, o centenário Açude do Cedro é um marco histórico que ajudou a transformar a vida no semiárido. A vista que temos ao caminhar sobre a parede do açude inclui suas águas, a Pedra da Galinha choca e as outras belas paisagens do entorno, além de um pôr do sol imperdível.
Memorial Rachel de Queiroz
Na Praça da Cultura Glêncio Martins, localizada no centro de Quixadá, uma das casas chama atenção por estar construída sobre um monólito. O antigo Chalé da Pedra, como era conhecido, funcionava como residência desde sua construção, em 1920. Ao contrário do que algumas pessoas presumem, Rachel nunca morou nesta casa. Em 2010, a prefeitura adquiriu o imóvel, que desde então abriga o Memorial Rachel de Queiroz, dedicado à preservação da vida e obra da autora de clássicos como “O Quinze” e primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras.
“Nesse memorial, há obras e peças importantes da vida da escritora, como manuscritos, seu famoso vestido de poá, a máquina que ela usou na época da Revista O Cruzeiro e para escrever o Memorial de Maria Moura, entre outros. É um espaço de visitação muito procurado. Na semana, chegam de cinco a seis ônibus do Ceará inteiro para visitar o Memorial”, conta o Secretário de Cultura Clébio Viriato.
Logo abaixo do monólito, na praça em frente ao Memorial, há ainda uma estátua em tamanho real de Rachel sentada num banco. Os óculos desta estátua já foram furtados e recuperados algumas vezes. Diante desse fato curioso, os professores Ronaldo Soares e Cícero de Freitas criaram o jogo “Quixadá Discovery: O Mistério dos Óculos”, no qual o jogador incorpora um detetive virtual desbravando a cidade em busca de solucionar o caso.
No Memorial, há também uma maquete afetiva da Fazenda Não Me Deixes.
Fazenda não me deixes
Para quem deseja se aprofundar, a bucólica Fazenda Não Me Deixes, onde Rachel de fato morou, abre suas portas para visitas agendadas. Nascida em Fortaleza, a autora vivia metade do ano em Quixadá e outra metade no Rio de Janeiro.
Com 928 hectares e 7 cômodos, a fazenda fica a 30 km do centro de Quixadá. Mobília original, livros do acervo pessoal da escritora, fotografias e objetos de decoração permitem uma imersão na atmosfera que inspirou a obra de Rachel.
A fazenda recebe visitas agendadas e o acesso é feito por meio de veículo próprio, pois não há linhas de ônibus para o local. O ingresso também é cobrado por veículo (e não por pessoa).
Casa de Saberes Cego Aderaldo
Um dos maiores símbolos da arte e cultura do Sertão Central, Aderaldo Ferreira de Araújo não nasceu nem cego, nem em Quixadá. Nasceu no Crato, mas cresceu e viveu em Quixadá, e só começou a se interessar por música e poesia após perder a visão num acidente.
Com o tempo, foi se tornando um cantador conhecido na região e em outros estados do país com suas rimas, participando de desafios e tocando instrumentos como a viola e a rabeca. Travou uma peleja com Zé Pretinho, em Quixadá, o que lhe confere ainda mais fama. Chegou também a conhecer personalidades como Rachel de Queiroz, Padre Cícero e Lampião. Em suas andanças e turnês, adotou ao todo 26 crianças, ensinando cada uma a tocar um instrumento e formando, anos mais tarde, uma orquestra.
A Casa de Saberes Cego Aderaldo homenageia a trajetória do artista e promove acesso à cultura por meio de oficinas e atividades culturais que mantêm viva a tradição da poesia popular, do repente e da viola e celebram a riqueza cultural do Sertão Central.
Museu Jacinto de Sousa
Para quem se interessa por História, o Museu Histórico Jacinto de Sousa leva o nome do habilidoso escultor quixadaense e reúne rico acervo sobre a formação de Quixadá, com fotografias, documentos e objetos que contam como a cidade se desenvolveu. Na Praça da Estação, em frente ao Museu, há o Monumento ao Trabalhador Livre, feito pelo próprio Jacinto de Sousa em homenagem aos trabalhadores da região.
Turismo religioso
Santuário Nossa Senhora Imaculada Rainha do Sertão
Localizado a 12 km do centro de Quixadá, no alto do Morro do Urucu, está o Santuário Nossa Senhora Imaculada Rainha do Sertão. Nele, se destaca a Torre Piramidal, estrutura feita de aço que representa o manto protetor da Virgem Maria. O Santuário é um local não apenas de peregrinação, mas também de contemplação. É lá que está a rampa que coloca Quixadá no mapa mundial do voo livre.
Paróquia de Jesus, Maria e José
A principal igreja do município fica no coração da cidade e também é conhecida entre os habitantes como Igreja da Catedral. Conta-se que foi dela que, em 1985, o bispo emérito da Diocese de Quixadá Dom Adélio Tomasin, após os festejos de Nossa Senhora do Carmo, visualizou o Santuário Nossa Senhora Imaculada Rainha do Sertão, que viria começar a ser construído em 1988 e inaugurado em 1995. Hoje essa visão não seria mais possível, pois há um prédio obstruindo a paisagem.
Gruta de São Francisco
Espaço simples e cheio de simbolismo, a Gruta de São Francisco é um santuário ecológico localizado a 7 km do centro de Quixadá. No recanto rochoso integrado aos monólitos e construído em 2008, está uma estátua de São Francisco que pode ser acessada subindo uma escadaria.
O que é o Destino Ceará?
O projeto “Destino Ceará: Descobrindo as Belezas do Estado” é realizado pelo O POVO e celebra o Ceará como um dos principais destinos turísticos do País. Com conteúdos veiculados no portal online, no jornal impresso, na rádio e nas redes sociais, o projeto leva ao público a história das cidades, o cotidiano das comunidades e os personagens reais que dão vida a cada lugar.
Nesta segunda edição, O POVO te convida a explorar as belezas e a cultura de quatro localidades cearenses encantadoras: Paracuru, Serra de Ibiapaba, Icapuí e Quixadá. Vamos embarcar nessa viagem? Nos acompanhe nas redes sociais: @opovoonline
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