Economia brasileira: o que é e entenda como funciona

A economia brasileira é responsável por estudar a distribuição e consumo de bens e produtos, além do comportamento social; veja como funciona e exemplos

20:27 | Jul. 12, 2022

Por: Nadine Lima
A economia brasileira foi impactada durante a pandemia mas está se recuperando aos poucos (foto: Reprodução Pixabay)

Dinheiro, finanças e empréstimos são termos normalmente relacionados à economia. No entanto, mais do que tratar de números, a economia impacta diretamente no cotidiano e na qualidade de vida da população.

A falta de conhecimento básico sobre economia, desde como administrar seus gastos ou até mesmo como investir o seu dinheiro, pode ter uma grande influência no seu padrão de vida.

Confira abaixo um guia com os principais termos e temas para uma compreensão mais simples sobre a atual economia brasileira em 2022:

O que é economia?

Antes de contextualizar sobre a economia brasileira, é importante primeiro compreender os conceitos básicos do que é economia.

Economia é a ciência que estuda a produção, distribuição e consumo de bens e serviços.
A origem da palavra economia está na junção dos termos gregos oikos, que significa casa, e nomos, que significa gerir ou administrar.

No entanto, a economia não pode ser limitada apenas como um objeto de estudo de dinheiro e finanças, visto que ela está inserida nas ciências humanas.

O comportamento humano faz parte de sua pesquisa, que, por sua vez, busca resolver questões de cunho econômico e social.

Seu estudo se sustenta em diversas teorias, linhas de pensamento de economistas, sociólogos, filósofos e fatores históricos que ajudam a compreender como a sociedade se organiza economicamente e politicamente.

Normalmente, a economia está dividida em dois segmentos: a macroeconomia e a microeconomia.

Macroeconomia:

A macroeconomia analisa a economia em um sentido amplo, lidando com fatores que podem afetar a economia nacional, regional ou global.

Além disso, a macroeconomia abrange as principais áreas da economia como desemprego, pobreza, Produto Interno Bruto (PIB), importações e exportações, globalização, etc.

O quanto o PIB pode sofrer com o aumento da taxa de desemprego é um exemplo prático de como a macroeconomia funciona e impacta.

Microeconomia:

Já a microeconomia, é a área da economia que estuda o comportamento e desempenho apenas de unidades individuais e de forma mais aprofundada, como: pessoas, famílias, indústrias e empresas.

O planejamento financeiro em como uma família faz economias e gasta seu dinheiro com o que considera importante ou supérfluo é um exemplo de microeconomia.

Entenda como funciona os principais indicadores econômicos da economia brasileira:

PIB:

O Produto Interno Bruto (PIB) pode ser explicado como a soma de todos os bens e o desempenho econômico de um determinado país, estado ou cidade durante o ano.

Apesar de ser um importante indicador econômico que ajuda a compreender a situação de um local em um determinado período, o PIB não pode ser considerado a riqueza total de um país, pois ele não inclui importantes fatores como: distribuição de renda, qualidade de vida, educação e saúde.

Um país pode ter um PIB baixo e, ainda assim, manter uma alta qualidade de vida para sua população, assim como pode somar um PIB alto e sua população viver com muitas dificuldades, por exemplo.

De acordo com o Instituto Brasileiro de de Geografia e Estatística (IBGE), o último PIB anual do Brasil, em 2021, foi de R$ 8,7 tri no ano. Enquanto em 2022, o Brasil somou R$ 2. 249,2 bilhões no último trimestre.

Atualmente o Brasil ocupa a 10ª posição no ranking de PIB dos países, que é liderado pelos Estados Unidos.

Ranking Mundial de PIB no primeiro trimestre de 2022:

  • 1º - Estados Unidos: US$ 25, 45 trilhões
  • 2º - China: US$ 19,91 trilhões
  • 3º - Japão: US$ 4,91 trilhões
  • 4º - Alemanha: US$ 4,26 trilhões
  • 5º - Índia: US$ 3,53 trilhões
  • 6º - Reino Unido: US$ 3,38 trilhões
  • 7º - França: US$ 2,94 trilhões
  • 8º - Canadá: US$ 2,22 trilhões
  • 9º - Itália: US$ 2,06 trilhões
  • 10º - Brasil: US$ 1,83 trilhões

Dados: IBGE

IPCA:

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é o termômetro da inflação da economia brasileira. O indicador econômico foi criado em 1979 e mede a variação de preços de produtos e serviços vendidos no varejo e consumidos pela população.

A alta ou queda do preço desses produtos e serviços consumidos é que influencia o resultado do IPCA. Porém, para além disso, o IPCA também tem impacto sobre investimentos, especialmente os de renda fixa, como Tesouro Direto, por exemplo.

Para ser calculado da forma mais realista possível ao consumo e hábitos da população brasileira, o IPCA é baseado em uma composição feita a partir da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF). A POF é constantemente atualizada devido a mudança do padrão de vida e hábitos das pessoas, o que interfere também no seu cálculo.

A versão atual da cesta do IPCA, atualizada em 2020, inclui segmentos que, até pouco tempo atrás, nem existiam, como transporte por aplicativos e serviço de streaming. Ao mesmo tempo, saíram itens que caíram no desuso de uma família brasileira, como máquina fotográfica, revelação e cópia, locação de DVD etc. 

Veja abaixo a última tabela do IPCA:

Grupo - Peso (%)

  • Alimentação e bebidas -19,3
  • Habitação - 15,6
  • Artigos de residência - 3,8
  • Vestuário - 4,6
  • Transportes - 20,6
  • Saúde e cuidados pessoais - 13,5
  • Despesas pessoais - 10,7
  • Educação - 6,1
  • Comunicação - 5,7

Dados: IBGE

Ográfico a seguir o registrado e o previsto do IPCA de 2019 a 2023, importante indicador da economia brasileira.

Taxa Selic: o que é e como afeta a economia brasileira? 

A taxa Selic significa "Sistema Especial de Liquidação e de Custódia" e pode ser definida como a média básica de juros da economia brasileira, isto é, o que governo brasileiro paga por empréstimos tomados dos bancos.

Essa taxa, que é um sistema do Banco Central em que são negociados os títulos públicos federais, interfere em todas as demais taxas de juros no Brasil, principalmente de empréstimos, financiamentos e retorno de aplicações financeiras.

Além de controlar a inflação, a taxa Selic tem o papel de manter a economia brasileira estável, evitando o excesso do crescimento dos preços.

O que acontece quando a taxa Selic aumenta?

Os juros de financiamentos, empréstimos e cartões de crédito sobem para o consumidor. Com o custo de serviços e produtos mais altos, o consumo diminui.

Veja mais no vídeo abaixo ou clicando aqui:

O que acontece quando a taxa Selic diminui?

Se a taxa Selic diminui, os bancos conseguem emprestar dinheiro com juros menores, tornando os empréstimos mais acessíveis para a população e, consequentemente, o consumo maior.

Agropecuária: grande destaque da economia brasileira

A agropecuária faz parte do setor primário da economia brasileira e pode ser definida como a exploração da zona rural por meio do plantio e da criação de animais de corte em larga escala. 

Nos segmentos da agropecuária, o Brasil é o maior produtor no mundo de cana-de-açúcar, soja, café, laranja, guaraná, açaí e “castanha do Brasil”.

A produção desse setor da economia é remetida ao mercado interno e externo. No mercado interno, os produtos que permanecem são itens como frutas, legumes, ovos, verduras, leite e carnes.

Já no mercado externo são destinados produtos como o algodão, a soja, cana-de-açúcar, café, carnes de aves, bovinos, milho, etc.

O que é o Agronegócio?

O agronegócio é uma atividade econômica gerida a partir da produção agrícola e, atualmente, corresponde a quase 30% do PIB (Produto Interno Bruto) da economia brasileira.

Por ser um dos maiores produtores agrícolas e de produtos pecuários do mundo, o Brasil enfrenta problemas sociais que este modelo de negócios causa, como a distribuição desigual de terras. 

As principais atividades econômicas de cada região do Brasil:

As principais atividades econômicas que contribuem para o crescimento da economia brasileirão são a agropecuária, o setor de serviços, a indústria e o comércio. Veja abaixo como essas atividades se dividem em cada região:

Economia na Região Norte:

A região Norte possui uma vasta extensão territorial e se destaca por seu clima e vegetação, especialmente no extrativismo vegetal de produtos como madeira, látex, açaí e castanha.

A atividade de exploração de minérios também é um destaque na região norte, como a extração de ferro, cobre e ouro.

A economia na região Nordeste:

A região nordeste possui forte estabilidade no turismo, além de manter sua economia presente em segmentos como indústrias, centros comerciais, agronegócio e produção de petróleo.

Entre as atividades econômicas de destaque estão a cana-de-açúcar, que é o principal cultivo agrícola da região e a produção de sal marinho, no Rio Grande do Norte.

A economia na região Centro-Oeste

A região centro-oeste se destaca no setor agropecuário, o qual abrange as maiores atividades para a economia brasileira como a plantação de soja, milho, produção de carne bovina e indústrias, que estão presentes em maior parte em Goiás e no sul de Mato Grosso do Sul devido à proximidade geográfica com o Sudeste, região líder no segmento.

A Economia na região Sudeste

A região sudeste se destaca por possuir a maior quantidade de indústrias em todo Brasil, acomodando as maiores montadoras e siderúrgicas, interessadas na qualidade da mão-de-obra da região.

Apesar do destaque para a indústria, o petróleo, a cana-de-açúcar e o sal marinho também estão presentes na economia da região sudeste. Um exemplo é o estado do Rio de Janeiro, que é o maior produtor de petróleo do Brasil e o segundo maior de sal, atrás do Rio Grande do Norte.

A economia na região Sul

A região Sul é líder na criação de suínos e aves no Brasil e possui os maiores rebanhos nas duas categorias, segundo o Sistema IBGE de Recuperação Automática (Sidra). A maior parte da sua economia se concentra no setor de serviços, além de abrigar algumas indústrias, principalmente na área alimentícia, siderurgia e têxtil. 

Economia brasileira na pandemia:

No início da pandemia de Covid-19, o isolamento social e, consequentemente, a pausa de muitos setores econômicos, fizeram a economia brasileira entrar em queda livre. A indústria foi a mais prejudicada, pois houve uma grande redução de demanda seguida da paralisação de produção.

O setor de serviços também foi um dos mais impactados da economia brasileira na pandemia. Restaurantes, bares, serviços de turismo e diversas outras atividades que precisam da presença do consumidor.

Desemprego:

Com o início da pandemia do coronavírus, o desemprego foi um dos principais impactos na economia brasileira. Segundo dados do IBGE, em dez meses de 2020, houve a perda de 171.139 empregos formais. Além disso, dos trabalhadores que ainda conseguiram se manter em seus trabalhos de carteira assinada, quase 10 milhões tiveram redução de jornada, salário ou suspensão do contrato de trabalho.

Economia brasileira 2021:

Apesar da instabilidade política, a economia brasileira em 2021 cresceu 4,6% e superou o grande impacto que sofreu em 2020. A economia brasileira na pandemia diminuiu 3,9%. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com os dados do IBGE, o setor de serviços conseguiu alcançar recuperação no último trimestre do ano, acumulando alta de 4,7% em 2021. Em seguida, a indústria alcançou crescimento de 4,5%. Ambos os setores representam 90% do PIB do Brasil.

Como entender os maiores problemas para o crescimento da economia brasileira?

Não é preciso de muito conhecimento para ter ideia de que desemprego, alimentação, educação, saúde, higiene, moradia e transporte são problemas tipicamente relacionados à crise econômica. Com os anos de inflação alta no Brasil, a distribuição de renda foi agravada, aumentando a desigualdade social.

Atrelado a isso, a dívida pública externa cresce e este fator impacta a entrada de investimentos.
Além disso, os custos estaduais são uma série de questões estruturais, burocráticas, financeiras e políticas que encarecem os investimentos no Brasil e também afetam o crescimento econômico.

Por exemplo, déficits e corrupção pública grave, burocracia excessiva para criar e manter empresas no país, altas taxas de juros, burocracia disfuncional para importação e exportação de produtos e altos custos trabalhistas e sistemas previdenciários

O aprofundamento da crise reflete-se na sobrecarga dos serviços públicos, que já não é suportada pela procura, e no facto de o comportamento econômico das populações exigir que o setor financeiro se adapte à realidade atual e produz uma inversão dos hábitos de consumo.

Conclusão

A economia brasileira atravessa um caminho instável na inflação e na política, no entanto, por ser um grande produtor e exportador sólido, principalmente nas áreas de agricultura, indústria e serviços, ela se mantém estável para um país emergente, ocupando a décima posição no último ranking mundial do PIB. 

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