Brasileiros devem usar 2º parcela do 13º salário para quitação de dívidas

Segundo a Confederação Nacional do Comércio, maior parte dos R$ 131,8 bilhões injetados pelo benefício na economia será destinada ao equilíbrio das finanças do brasileiro

19:20 | Dez. 21, 2025

Por: Adriano Queiroz
Brasileiro deve se dividir entre pagar dívidas e consumir (foto: Divulgação)

A segunda parcela do 13º salário, que está injetando cerca de R$ 131,8 bilhões na economia brasileira, será destinada majoritariamente para a quitação de dívidas, conforme estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

O montante representa um aumento nominal de 5,7% em relação a dezembro do ano passado e um crescimento real de 0,7%, já descontada a inflação do período.

Apesar disso, pelo quinto ano consecutivo, o abatimento e a quitação de dívidas deverá ser o principal destino do 13º salário.

Segundo o levantamento, 35% da segunda parcela, equivalente a R$ 45,8 bilhões, devem ser direcionados ao pagamento de dívidas, à frente dos gastos no comércio, que serão de R$ 36,5 bilhões; em serviços, que serão de R$ 33,8 bilhões; e na poupança, que serão de R$ 15,7 bilhões.

De acordo com o presidente da CNC, José Roberto Tadros, “o 13º salário continua cumprindo um papel essencial no reequilíbrio do orçamento doméstico. Em um cenário de juros elevados e alto comprometimento da renda, as famílias priorizam o pagamento de dívidas, o que é positivo do ponto de vista financeiro, mas limita um impulso maior ao consumo”.

A CNC estima ainda que, ao fim de 2025, 30,9% da renda média das famílias estará comprometida com dívidas. Conforme dados do Banco Central, essa relação avançou 0,7 ponto percentual nos últimos 12 meses e deve seguir pressionada, pelo menos, até o início de 2026. A entidade aponta ainda que a cada ponto percentual comprometido na renda das famílias reduz em 1,1% a inclinação ao consumo.

Paralelamente, o custo do crédito segue como um fator restritivo ao consumo. A taxa média de juros das operações com recursos livres para pessoas físicas alcançou 58,7% ao ano. Esse é o maior patamar para este período nos últimos oito anos. Além disso, a inadimplência nessas operações chegou a 5,6% da carteira, maior percentual em 13 anos.

Segundo o economista-chefe da CNC, Fabio Bentes, “mesmo com um mercado de trabalho mais favorável, o nível elevado de endividamento e o custo do crédito reduzem a capacidade das famílias de transformar o 13º salário em consumo. O recurso ajuda a organizar as finanças, mas o impacto nas vendas tende a ser mais contido”.

A propósito, a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da CNC, aponta que 79,2% das famílias brasileiras estão endividadas. Este é o maior nível da série histórica iniciada em 2010, sendo que 30% possuem dívidas em atraso, o segundo maior percentual registrado para esta época do ano.

Tenha acesso a mais conteúdo em nossos canais!

Mais notícias de Economia