Entenda como taxação de 50% imposta por Trump pode afetar o Ceará

Os Estados Unidos é o principal parceiro comercial do Ceará, representando quase 48% de todas as exportações de produtos em 2025

20:47 | Jul. 09, 2025

Por: João Victor Dummar
Desde o início do governo, Trump dá força a medidas contra a população trans (foto: Anna Moneymaker / Getty Images via AFP)

Com o anúncio do presidente Donald Trump, nesta quarta-feira, 9, de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, o Ceará pode sofrer um forte impacto na sua balança comercial. 

Isso porque os Estados Unidos é o principal parceiro comercial do Estado, representando quase 48% de todas as exportações de produtos em 2025. 

Só nesse ano, as exportações cearenses para o país chegaram a um valor de mais de US$ 366,8 milhões, conforme dados do Observatório da Indústria do Ceará. Dentre os principais produtos exportados estão: aço (US$ 262,3 milhões); peixes (US$ 19,1 milhões) e calçados (US$ 13,9 milhões).

Segundo o economista Ricardo Coimbra, o Brasil e o Ceará já tem sofrido reflexos da primeira tributação, do aço e do alumínio, em fevereiro deste ano, e pode ter consequências ainda maiores com as novas medidas. 

Para Coimbra, o mercado cearense deve buscar direcionar os produtos para outros mercados, em especial para os parceiros do Brics - grupo comercial representado pelo Brasil e outros 10 países.

O economista avaliou que o discurso de Trump, na carta enviada ao presidente Lula, é "desconexo" da realidade: "As relações de comércio entre Brasil e Estados Unidos, elas são deficitárias para o Brasil. Os Estados Unidos tem uma relação positiva na relação de comércio com o Brasil [...] Fica meio desconexa, essa movimentação em relação ao Brasil e mais ainda a justificativa".

Ricardo aposta em um possível acordo para resolução do problema, mas afirma que o governo brasileiro pode formar algum tipo de contraposição para a medida.

"O Congresso Brasileiro também já autorizou, quando da necessidade de alguma contraposição do governo e do Ministério da Indústria e Comércio, que assim fosse feito. Então isso pode ser um processo de abertura ou de busca de negociação".

O especialista em comércio exterior e despacho aduaneiro, Augusto Fernandes, contou ao O POVO que a nova taxação pode "inviabilizar" qualquer exportação brasileira para os Estados Unidos.

Augusto disse que muitos setores podem sofrer impacto, como: o setor eólico, que exporta pás, além das confecções que produzem diversos produtos.

Para o especialista, a situação deve se reverter, com um acordo sendo firmado entre as nações: "O Brasil é o país dos acordos".

Sobre a questão de buscar novos mercados para os produtos produzindo, Fernandes disse ser muito difícil o processo de desenvolver novos compradores, e afirma que saída realmente seria um acordo. Para ele, os Estados Unidos tem interesse no Brasil:  "Os Estados Unidos também tem um interesse no Brasil, principalmente no nosso etanol, nossa moeda de barganha. Tirando os aspectos políticos,  o que parece ser o cerne da questão, pelo menos foi ensaiado para tudo isso, mas existem interesses, sim, dos Estados Unidos", completou.

A Ativa Investimentos aponta em uma possível variação da renda variável no Brasil, principalmente naqueles que envolvem exportações. A plataforma afirma que ativos locais podem sofrer com volatilidade no mercado.

 

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