Em Fortaleza, 75% dos consumidores estão endividados e 15% não terão como pagar dívidas

Aumento da taxa de desemprego, redução de renda e aumento de gastos essenciais são os principais fatores responsáveis pelo aumento do endividamento de cearenses

11:43 | Jun. 22, 2021

Maior responsável por dívidas dos consumidores de Fortaleza são gastos com alimentação, revela pesquisa (foto: BARBARA MOIRA)

Com aumento do desemprego e a elevação do preço de produtos e serviços essenciais, o percentual daqueles que não serão capazes de quitar suas dívidas chega ao maior patamar em um ano e dois meses, atingindo 15,4% dos consumidores de Fortaleza.

Informação faz parte do levantamento feito Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Ceará (IPDC), integrado à Federação do Comércio do Estado (Fecomércio), divulgado nesta terça-feira, 22. Estudo mostrou que mesmo com redução no comparativo entre segundo e terceiro bimestre deste ano, cerca de 75% dos consumidores da Capital estão endividados. 

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No mesmo comparativo, o percentual daqueles que não serão capazes de pagar suas dívidas cresceu 5 pontos. Dentre os principais fatores responsáveis pelo endividamento de cearenses estão o aumento da taxa de desemprego que de acordo com levantamento, divulgado em maio, atinge 549 mil pessoas no Estado, sendo o pior índice em oito anos. A redução de renda associada a pandemia de Covid-19, assim como o aumento dos gastos essenciais, como alimentação, moradia e energia elétrica também são apontados como fatores associados ao crescimento do número de endividados. 


Gastos com alimentação representam 59,9% das dívidas registradas pelos moradores de Fortaleza, na sequência, o pagamento de aluguel, como principal responsável do endividamento de 27,2% dos consumidores da Capital.

Gastos com tratamentos de saúde ocupam terceiro lugar no ranking de despesas associadas ao endividamento em Fortaleza, atingindo 23,5% dos consumidores de Fortaleza, seguido pelos gastos com educação (15,2%).

No comparativo entre os dois últimos bimestres, aumentou também o tempo de atraso das dívidas. O estudo estima que 41,7% da população esteja a cerca de três meses sem conseguir quitar ao menos uma parcela das dívidas. O atraso de 31 até 60 dias atinge 22,6% dos consumidores e outros 14,5% possuem atraso de um mês no pagamento dos débitos acumulados. 

A pesquisa revela ainda que 42,6% dos consumidores possuem a renda família comprometida pelas dívidas. A maioria afirma estar com a renda comprometida por cerca de 3 meses devido o pagamento dos débitos. Outros 34%, porém, possuem dívidas com prazos maiores e devem ter o rendimento familiar afetado por pelo menos um ano. 

Os valores das dívidas registradas variam, porém, a maioria (74,3%) dos consumidores acumulam dívidas no cartão de crédito, o que faz com que o serviço financeiro seja o maior concentrador de débitos entre consumidores de Fortaleza.

A maior parte dos consumidores (23,5%) possui débitos entre R$ 501 e R$ 1 mil. Outros 16,6% registram dívidas que variam entre valores acima de R$ 1 mil até R$ 1,5 mil. Aqueles com débitos entre R$ 2 mil e R$ 3 mil representam 10,7% dos consumidores e 7,1% detém dívidas entre R$ 3 mil e R$ 5 mil. Cerca de 16,5% dos moradores de Fortaleza acumula dívidas que ultrapassam o patamar de R$ 5 mil.

A pesquisa destaca ainda que o perfil do consumidor de Fortaleza endividado é composto essencialmente por mulheres entre 24 e 34 anos. O gênero feminino representa 77% dos consumidores com dívidas elevadas, porém, representam também a maior parte (75,9%) dos endividados que possuem renda familiar menor do que cinco salários mínimos.