Clínicas particulares do Ceará negociam entre US$ 32,71 e US$ 40,78 a dose da vacina indiana contra a Covid-19, diz jornal

A ABCVAC e a importadora Precisa Medicamentos concluíram as negociações para a compra das 5 milhões de doses da Covaxin, da farmacêutica indiana Bharat Biontech, e agora partem para acordar a venda do imunizante com as clínicas privadas. Em Fortaleza, ainda não há definição para encomendas de doses

12:11 | Jan. 27, 2021

Clínicas particulares seguem em negociação pela vacina indiana contra Covid-19 (foto: Barbara Moira)

As clínicas particulares do Ceará, que participam da negociação conjunta de 5 milhões de doses da vacina indiana Covaxin com a Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas (ABCVAC), poderão comprar mínimo de 2 mil a 7,2 mil doses do imunizante, cujo valor unitário da compra ficaria por US$ 40,78. Caso optem por adquirir entre 7.201 a 12 mil doses, a unidade sairia por US$ 38. De 12.001 a 50 mil, sairia por US$ 36, entre 50.001 a 100 mil, o custo é de US$ 34,43 e, acima de 100 mil, sai por US$ 32,71.

A preços atuais, os valores em reais para adquirir cada dose ficariam aproximadamente entre R$ 176,96 e R$ 220,61. Lembrando que estes valores ainda não são os que serão comercializados ao consumidor final. Em Fortaleza, ainda não há definição para encomendas de doses.

Os dados foram divulgados pelo jornal Valor Econômico, que teve acesso exclusivo a um comunicado da entidade aos seus associados, enviado no último dia 23. A publicação informa que a ABCVAC e a importadora Precisa Medicamentos concluíram as negociações para a compra das 5 milhões de doses da Covaxin, da farmacêutica indiana Bharat Biontech, e agora partem para acordar a venda do imunizante com as clínicas privadas.

A publicação ainda acrescenta que as clínicas têm somente até esta sexta-feira, 29, para fecharem seus pedidos com a importadora e precisam pagar 10% do valor do contrato como adiantamento para reservar seu lote, sendo que a quantia será devolvida caso o imunizante não seja aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ou ocorra outro percalço. No período de aprovação pela Anvisa e de liberação da licença de importação, serão cobrados mais 50% e os 40% restantes serão pagos na entrega da vacina.

As incertezas em torno da aprovação da vacina indiana no Brasil ainda persistem e são o principal ponto que geram dúvidas para que as clínicas encomendem as doses. O diretor médico da Clínica de Vacinação Dra. Núbia Jacó, João Cláudio Jacó, esclarece que está preocupado com a importação do imunizante ainda sem aprovação confirmada pela Anvisa.

Ele explica que, diferente da campanha nacional de vacinação, em que a agência sanitária libera o uso emergencial, o processo para liberação da imunização em clínicas particulares carece de mais passos, pois a liberação só acontece após aval final.

"Fica difícil tomar a decisão sem ter os dados (da Fase 3) em mãos. Aguardamos a publicação dos dados na Fase 3 e aprovação na Anvisa, aprovação do uso emergencial (para a campanha de vacinação do governo) e liberação final", explica o passo a passo. "Como clínica, precisamos de um produto com registro definitivo", pontua.

Por isso, o diretor médico não deixa claro se as clínicas de vacinação irão realmente obedecer ao prazo estipulado para sexta-feira, 29. "Ainda estamos fazendo um levantamento do ponto científico. Para mim, o mais importante é avaliar o resultado dessa vacina, para além do preço que pagaria por ela".

"Dentro dessa confusão toda, ficamos perdidos, mas como médico mantenho o que acredito e espero os resultados de eficácia do produto. Aguardo para tomar a decisão", completa o diretor médico.

Outra interessada em adquirir as vacinas indianas é a Unimed Vacinas. A empresa afirmou que já está em contato para agilizar a associação à ABCVAC, mas aguarda retorno. "A Unimed Fortaleza está aguardando retorno da ABCVAC para oficializar a associação da Unimed Vacinas, clínica de imunização da cooperativa, com a entidade. Na sequência, será dada início a articulação para a aquisição das vacinas contra a Covid-19 e posterior comercialização", afirma em nota.

"Todas as negociações são desenvolvidas dentro de um ambiente privado e cobertas por Termos de Confidencialidade e todas as estratégias e condições comerciais são discutidas exclusivamente dentro do ambiente legítimo, e cobertas por contratos entre as partes, envolvendo apenas clientes e fornecedores. A ABCVAC não comentará nenhum documento que esteja fora do ambiente formal das negociações", informa a entidade em nota enviada ao O POVO.

O que diz a farmacêutica indiana

Atualmente, a Covaxin teve seu uso ampliado no programa de vacinação em massa da Índia. Cerca de 2 milhões de pessoas da área de saúde já foram vacinadas no país. A Bharat Biotech esclareceu que estabeleceu um contrato exclusivo de representação e distribuição com a Precisa Medicamentos para fornecimento da Covaxin ao Brasil. A prioridade será o setor público, por meio de uma contratação direta pelo Governo Federal.

"As vacinas para o mercado privado chegariam após a autorização da Anvisa para a venda do imunizante no País", diz o comunicado.

Ontem, o site bioRxiv, especializado em pesquisas médicas, publicou os resultados de uma pesquisa conduzida pelo Instituto Nacional de Virologia que apontam que a vacina Covaxin contra a Covid-19, produzida pela empresa indiana Bharat Biotech, também é eficaz contra a variante britânica do novo coronavírus, considerada mais contagiosa e letal do que a de Wuhan.

Segundo a Bharat Biotech, a tecnologia de vírus inativo permite que o acondicionamento da vacina seja realizado entre 2° a 8°C. A previsão é de que seja lançada no mercado de maneira oficial em fevereiro de 2021, e a projeção é de que sua validade contra a Covid-19 seja de 24 meses. (Colaborou Samuel Pimentel)