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Captações das companhias brasileiras caem 76,7% no 3º trimestre

15:10 | 11/10/2015
As captações das companhias brasileiras somaram R$ 10,9 bilhões no terceiro trimestre de 2015, o volume mais baixo nos últimos sete anos, de acordo com dados divulgados pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). O valor representa uma queda de 76,7% em relação ao observado no mesmo período do ano passado. Segundo a entidade, o desempenho observado em setembro contribuiu para o baixo volume de operações. O mês foi o pior no ano para captações, com R$ 2 bilhões, número impulsionado com a emissão de debêntures incentivadas da Vale, que alcançou R$ 1,35 bilhão.

A entidade destacou que com essa operação da Vale as ofertas de debêntures de infraestrutura neste ano somam R$ 3,3 bilhões. Com isso, o montante total de ativos dessa modalidade emitidos, desde seu lançamento em 2011, chegam em R$ 13,5 bilhões. Ainda no trimestre, lembra a Anbima, houve a oferta de debêntures de R$ 3,5 bilhões da Petrobras Distribuidora.

"A despeito das captações com debêntures incentivadas, que devem ter prazo mínimo de quatro anos, o prazo das demais debêntures continua apresentando trajetória decrescente em 2015, em resposta ao cenário econômico", afirma a Anbima, em seu boletim. A associação frisa que no mês passado o prazo médio foi de 3,9 anos, inferior, inclusive, ao prazo observado em 2009, de quatro anos.

A Anbima lembra que em setembro não foram realizadas emissões de ações, tampouco captações no mercado internacional. "A volatilidade observada no mercado secundário de ações e as consequências do rebaixamento do rating do País devem postergar estas operações para o próximo ano", segundo a entidade. Segundo o boletim, o segmento de renda fixa do mercado de capitais segue como a fonte de recursos das companhias. Entre os destaques, estavam no início de outubro em análise na CVM R$ 7,6 bilhões em operações com títulos de dívida, FIDCs e CRIs, incluindo a emissão de debêntures da Petrobras, com volume de R$ 3 bilhões.

Ações

Já a diretora da Anbima, Carolina Lacerda, disse, em teleconferência com a imprensa, que a janela de oportunidade para ofertas de ações no terceiro trimestre frustrou, diante do cenário vivido pelo Brasil e que as ofertas que estavam na fila para ocorrer foram postergadas e devem ficar para o próximo ano. Em análise na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) há duas ofertas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês), a do IRB e Caixa Seguridade.

Carolina destaca que a expectativa em relação ao terceiro trimestre estava ancorada no fato de historicamente essa janela apresentar atividade mais intensa em renda variável em muitos mercados, tendo em vista que é exatamente o período de retorno das férias de verão nos Estados Unidos. Neste ano o Brasil foi palco de apenas uma abertura de capital, a da Par Corretora em junho.

"Em renda variável não vemos o pessoal se preparando para sair este ano, em dezembro é uma janela mais complicada e devem ficar para o ano que vem", disse Carolina. Para o próximo ano, a diretora da entidade disse que o grau de incerteza é muito grande, tendo em vista o cenário macroeconômico e político. "Ano que vem é uma dúvida e ninguém sabe exatamente o que vai acontecer", destacou.

Carolina lembra que esta semana os mercados mostraram uma certa calmaria e que nesse contexto a oferta da Caixa Seguridade poderia ter sido mantida para outubro, mas como a decisão precisava ter sido feita na semana passada, a decisão foi postergar a operação. Agora, para tentar a próxima janela a empresa precisará atualizar o prospecto com os dados do terceiro trimestre do ano.

A diretora da entidade destaca que a volatilidade cambial tem provocado mais uma pressão negativa para a decisão em realizar ofertas neste momento e lembrou que muitas empresas brasileiras estão enfrentando problemas financeiros diante do elevado nível de endividamento. Além disso, ela lembrou que as empresas estão apenas investindo o extremamente necessário.

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