Investimento em infraestrutura pode fazer PIB reagir em 2017, diz economista
Durante debate no XXI Congresso Brasileiro de Economia, promovido pelo Conselho Federal de Economia (Cofecon), em Curitiba, ele apresentou um estudo da consultoria GO Associados, da qual é sócio, que calcula que dos R$ 198 bilhões do PIL, cerca de 40%, ou R$ 80 bilhões, são factíveis. Se esses investimentos de fato se concretizassem, teriam um impacto de R$ 256,4 bilhões na economia, considerando o efeito renda.
"Se a gente conseguir o mínimo de tranquilidade no País para pôr esse programa de pé, a economia retoma lentamente a partir de 2017, criando as bases para um crescimento melhor. Mas é preciso ter cabeça fria e o mínimo de consenso político", comentou.
Para ele, um quadro de ruptura política, com queda da presidente Dilma Rousseff, ou uma guinada do governo de volta à esquerda, seria muito preocupante, porque tornaria a implementação de uma política macroeconômica austera extremamente difícil. "O cenário mais favorável para a economia brasileira é de um acordo em torno de um programa mínimo de ajuste. É preciso corrigir os desequilíbrios das contas públicas, porque aumentar imposto não é suficiente nem a sociedade tolera mais."
Considerando todos os componentes do cálculo do PIB, Gesner apontou que os únicos pontos de onde se pode esperar resultados positivos são nas exportações líquidas e nos investimentos, já que o consumo das famílias está caindo e o governo precisa controlar suas despesas.
Água
Gesner também falou sobre a crise hídrica no Brasil, que vem sofrendo situações climáticas extremas cada vez mais frequentes. Ele apontou que as perdas na distribuição de água no País são de 37%, enquanto o padrão internacional é de 10% a 15%. Em Manaus, o índice de perdas é de 75,6%. Já no âmbito do saneamento, ele lembrou que apenas 48,6% das cidades têm rede de esgoto, sendo que só 39% do coletado é tratado.
"Os investimentos em água e esgoto terão de crescer 50% para atingir as metas do plano nacional de saneamento até 2033. Nós precisaríamos de uma média anual de investimento de R$ 16 bilhões, e atualmente estamos fazendo R$ 8 bilhões. Com esse ritmo, só teríamos a universalização de água e esgoto em 2052", apontou.
Segundo ele, o preço da água no Brasil é baixo, sendo que junto com o saneamento esse gasto responde por apenas 0,8% do orçamento das famílias, menos da metade do que se gasta com telefone, por exemplo. "É preciso acabar com a demagogia e o populismo. O preço da água está errado, e quando isso acontece, com qualquer ativo, ele fica em falta. Coloque o preço da carne artificialmente baixo para ver o que acontece", explicou.