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Investimento em infraestrutura pode fazer PIB reagir em 2017, diz economista

16:50 | 11/09/2015
O economista Gesner Oliveira, professor da FGV e ex-presidente da Sabesp, afirmou que o programa de investimento em infraestrutura (PIL) anunciado pelo governo em junho pode ajudar a economia a voltar a crescer em 2017, mas isso depende de um consenso político mínimo para implantar o ajuste fiscal.

Durante debate no XXI Congresso Brasileiro de Economia, promovido pelo Conselho Federal de Economia (Cofecon), em Curitiba, ele apresentou um estudo da consultoria GO Associados, da qual é sócio, que calcula que dos R$ 198 bilhões do PIL, cerca de 40%, ou R$ 80 bilhões, são factíveis. Se esses investimentos de fato se concretizassem, teriam um impacto de R$ 256,4 bilhões na economia, considerando o efeito renda.

"Se a gente conseguir o mínimo de tranquilidade no País para pôr esse programa de pé, a economia retoma lentamente a partir de 2017, criando as bases para um crescimento melhor. Mas é preciso ter cabeça fria e o mínimo de consenso político", comentou.

Para ele, um quadro de ruptura política, com queda da presidente Dilma Rousseff, ou uma guinada do governo de volta à esquerda, seria muito preocupante, porque tornaria a implementação de uma política macroeconômica austera extremamente difícil. "O cenário mais favorável para a economia brasileira é de um acordo em torno de um programa mínimo de ajuste. É preciso corrigir os desequilíbrios das contas públicas, porque aumentar imposto não é suficiente nem a sociedade tolera mais."

Considerando todos os componentes do cálculo do PIB, Gesner apontou que os únicos pontos de onde se pode esperar resultados positivos são nas exportações líquidas e nos investimentos, já que o consumo das famílias está caindo e o governo precisa controlar suas despesas.

Água

Gesner também falou sobre a crise hídrica no Brasil, que vem sofrendo situações climáticas extremas cada vez mais frequentes. Ele apontou que as perdas na distribuição de água no País são de 37%, enquanto o padrão internacional é de 10% a 15%. Em Manaus, o índice de perdas é de 75,6%. Já no âmbito do saneamento, ele lembrou que apenas 48,6% das cidades têm rede de esgoto, sendo que só 39% do coletado é tratado.

"Os investimentos em água e esgoto terão de crescer 50% para atingir as metas do plano nacional de saneamento até 2033. Nós precisaríamos de uma média anual de investimento de R$ 16 bilhões, e atualmente estamos fazendo R$ 8 bilhões. Com esse ritmo, só teríamos a universalização de água e esgoto em 2052", apontou.

Segundo ele, o preço da água no Brasil é baixo, sendo que junto com o saneamento esse gasto responde por apenas 0,8% do orçamento das famílias, menos da metade do que se gasta com telefone, por exemplo. "É preciso acabar com a demagogia e o populismo. O preço da água está errado, e quando isso acontece, com qualquer ativo, ele fica em falta. Coloque o preço da carne artificialmente baixo para ver o que acontece", explicou.

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