Apetite para investir no País deve recuar
Sem perspectivas de melhora no curto prazo, seja no campo econômico ou polÃtico, as empresas estão em compasso de espera, adiando investimentos e engavetando projetos.
"A economia cresce com base na confiança de investidores e consumidores. Uma notÃcia ruim como o rebaixamento traz um dano para a confiança. O empresário fica mais receoso e começa a repensar os investimentos", afirma Michael Viriato, coordenador do laboratório de Finanças do Insper. "E o consumidor fica com medo de perder o emprego. Ele restringe ainda mais o consumo. Ficamos num cÃrculo vicioso."
A grande crÃtica é que uma expansão nos investimentos, em especial no setor de infraestrutura, poderia ser o fôlego para a retomada do crescimento econômico. "Mas o que estamos vendo é o contrário: uma perda de fôlego do governo para investir em infraestrutura", afirma o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini.
"Com a perda do grau de investimento, o esforço para reformar a economia terá de ser ainda maior. Talvez essa decisão (da S&P) possa pressionar o Congresso para ficar mais disposto e aprovar medidas importantes e o governo cortar gastos necessários."
Ã? o que o mercado espera para melhorar a situação fiscal do PaÃs e reverter o quadro de recessão. Na coletiva, após a perda do grau de investimento, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, não apresentou medidas concretas para as contas públicas, mas indicou novo corte de gastos e aumento de impostos.
"O que o mercado gostaria de ver nesse momento são medidas que tragam sustentabilidade para a dÃvida", afirma Marcelo Kayath, diretor de renda fixa e variável do Credit Suisse na América Latina. "O que vai fazer o mercado de capitais se movimentar ou não depende das medidas que a equipe econômica vai tomar."
O governo também se movimenta para evitar que as outras duas agências de rating, Fitch e MoodyÂ?s, não rebaixem o PaÃs. Mas, na avaliação de Kayath, "o mais provável" é que todas retirem o grau de investimento. "O timing de cada agência é diferente, mas eu não vejo como manter o grau de investimento com os números que estão no mercado."
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.