Dilma vai ao exterior para tentar melhorar imagem do País
Há duas preocupações centrais no Palácio do Planalto. A primeira delas é mostrar que o Brasil está fazendo o que precisa para contornar a crise, o que se tornou mais urgente depois que o governo brasileiro precisou reduzir fortemente a meta do superávit fiscal, dos 1,1% prometidos por Levy ao assumir o Ministério da Fazenda para meros 0,15% do PIB.
Apesar da racionalidade das explicações de economistas - mesmo estrangeiros - de que é mais difÃcil economizar com uma forte queda da arrecadação, o Planalto reconhece que "pegou muito mal lá fora", nas palavras de um assessor próximo da presidente, o abandono da meta inicial na metade do primeiro ano de governo.
Grau de investimento
O abandono da meta ameaça ser a gota dÂ?água que pode tirar o grau de investimento do Brasil. No final de julho, a agência de ratinga Standard & PoorÂ?s manteve o grau brasileiro, mas com uma tendência negativa - ou seja, em uma próxima revisão, se nada mudar, o PaÃs pode perder o selo de "bom pagador". Se isso acontecer, o PaÃs passa a ter mais dificuldade de captar recursos lá fora, tendo de pagar juros mais altos, algo que, na prática, já vem acontecendo, mas num grau menor do que com a oficialização pelas agências de risco.
O périplo da presidente tem como foco mostrar que o Brasil não corre o risco de deixar de pagar suas contas. Apesar da crise, reforçará a presidente, o PaÃs ainda recebe investimentos em número razoável e tem mais de US$ 300 milhões em reservas.
A percepção no governo é que os ouvidos no exterior estão mais abertos e são mais racionais do que dentro do PaÃs, onde a contaminação pela crise polÃtica é maior. A avaliação é que, ao convencer o mercado externo, isso seria aos poucos transferido para o interno.
A segunda preocupação da presidente é tentar atrair mais investidores para o pacote de concessões que o governo planeja para o inÃcio do próximo ano. Com a crise no Brasil, o interesse pelas obras de infraestrutura no PaÃs fraquejou, mesmo com a desvalorização do real tendo tornado os investimentos aqui mais baratos.
Mas, em pleno ajuste fiscal, o governo brasileiro precisa mais do que nunca mostrar que é seguro investir no PaÃs. O pacote de concessões, que inclui portos, aeroportos, rodovias e ferrovias, prevê investimentos de quase R$ 200 bilhões até 2018. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.