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Desvalorização do yuan dificulta emissão de dívida por governos locais da China

11:25 | 11/08/2015
A forte desvalorização do yuan pela China, anunciada no fim da noite de ontem, provavelmente afetará veículos de financiamento de governos locais e empresas chinesas que têm recorrido aos mercados externos nos dois últimos anos para atender suas necessidades de capital.

O gesto de Pequim restringe o acesso a recursos globais de localidades chinesas fortemente endividadas e impede ainda mais o sistema financeiro chinês de se engajar num relacionamento de mais longo prazo com os mercados internacionais de financiamento.

Pelo menos seis veículos de financiamento de governos locais tinham planos de lançar bônus denominados em dólares até o próximo ano e outros vinham avaliando a possibilidade de fazer ofertas semelhantes. Segundo analistas, todos deverão adiar os planos de levantar novos recursos. Seis veículos do tipo fizeram emissão de bônus em moeda estrangeira desde o começo do ano, ante um total de quatro em 2014.

"(A medida da China) deverá levá-los a repensar o total de seus financiamentos", comentou Nicholas Zhu, analista sênior da Moody's. "Isso vai dificultar o desenvolvimento do mercado e elevar a percepção de risco", completou.

A desvalorização do yuan torna mais caro para os veículos de financiamento chineses o pagamento de dívidas atreladas ao dólar. Da forma que é hoje, analistas dizem que os mercados globais frequentemente têm dificuladade de precificar ofertas deste tipo, em parte porque nem sempre fica claro se tais emissões são consideradas dívidas de governo. Além disso, não há mecanismos de proteção para evitar possíveis perdas.

Os veículos de financiamento de governos locais foram criados como uma forma de milhares de governos locais da China aproveitarem a fartura de crédito que havia seis anos atrás, quando os bancos inundaram a economia com trilhões de yuans em empréstimos, por orientação de Pequim, numa tentativa de contornar a crise financeira global. Os governos locais não podem tomar empréstimos de forma direta, mas os veículos surgiram como uma forma de contornar essa restrição.

De modo geral, os governos locais chineses não revelam o montante de suas dívidas e é possível que sequer saibam ao certo o quão endividados estão, segundo pesquisa realizada pela Universidade Tsinghua no mês passado. Os últimos números oficiais mostraram que essas dívidas totalizavam 17,89 trilhões de yuans em junho de 2013. Analistas estimam que a soma esteja agora mais próxima de 25 trilhões de yuans. Fonte: Dow Jones Newswires.

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