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Receita de serviços às famílias deve desacelerar mais no ano, diz consultoria

13:20 | 16/07/2015
A desaceleração do crescimento da receita nominal de serviços, apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), deve continuar nos próximos meses. Segundo o economista da RC Consultores, Marcel Caparoz, a receita dos serviços prestados às famílias é que deve contribuir para esse movimento.

"Até então foi a receita de serviços ligados à indústria que contribuiu para a desaceleração da receita total nominal do segmento. Essa receita chegou ao seu nível mais baixo e estabilizou. Agora é a vez da receita de serviços prestados às famílias que vai, mês a mês, recuar", disse. "Reflexo de inflação elevada, desemprego em ritmo crescente, taxa de juros elevada, comprometendo o orçamento da família", completou.

Em maio ante o mesmo mês do ano passado, a receita dos serviços prestados às famílias caiu 1,4% em termos nominais, resultado inédito da série, iniciada em janeiro de 2012. Até meados de 2014, o avanço do segmento era a taxas de dois dígitos.

Caparoz ainda chama a atenção para o resultado do setor nacional de serviços quando descontada a inflação do período pelo IPCA, que é de uma queda de 4,3% em 12 meses. "Embora a receita nominal ainda esteja crescendo, quando descontamos a inflação, fica um volume negativo relevante. Esse quadro real acarretará em menos mão de obra contratada pelo setor, queda de arrecadação de tributos para o governo. O quadro é ruim e reflete a perda de dinamismo da economia brasileira", afirmou.

Atividade fraca

Segundo avaliação do economista-chefe da INVX Global Partners, Eduardo Velho, a alta anual nominal de apenas 1,1% na receita bruta de serviços em maio veio em linha com o esperado e mostra que a atividade econômica no segundo trimestre será muito fraca. Ele aponta que as péssimas condições de crédito, a piora da inadimplência e a queda na renda real das famílias afetam o setor de serviços. "Essa pesquisa reflete as condições mais acentuadas do grande fundo do poço que teremos no segundo trimestre", comenta.

Segundo ele, o dado do IBGE poderia indicar uma menor inflação de serviços mais à frente, mas ainda existe um problema de oferta que afeta o setor. O economista lembra que o próprio ministro da Fazenda, Joaquim Levy, comentou recentemente que ainda há dúvidas sobre a persistência inflacionária e a possível desaceleração do IPCA a partir do segundo semestre. "A inflação de serviços ainda está rodando em quase 8% no acumulado em 12 meses, então claramente não está acompanhando por enquanto a intensidade da queda na demanda neste setor", expõe.

Velho diz que o Banco Central tem dado mais importância recentemente à inflação do que à atividade econômica, o que significa que essa alta mínima na receita nominal de serviços não deve alterar a projeção de uma nova alta de 0,50 ponto porcentual na Selic agora em julho, possivelmente seguida de um último aperto de 0,25 ponto porcentual na reunião seguinte. "Esse dado não é um fator relevante para que o BC interrompa a alta de juros", diz o analista da INVX.

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