'Não haverá crescimento até 2018', diz João Sayad
"Fomos colocados em viés de baixa. Quer dizer, o pesadelo está ficando mais real", diz Sayad, doutor pela Universidade Yale e professor da Faculdade de Economia e Administração da USP. A principal consequência da perda do grau de investimento, segundo ele, será uma elevação na cotação do dólar, mas sem permitir ganhos para a indústria exportadora, por causa da fraca atividade econômica.
Como não vê, na situação ou na oposição, lÃderes polÃticos capazes de aprovar propostas de mudanças e acredita que uma mudança de governo antes das eleições seria ainda pior para a economia, Sayad descarta uma saÃda no curto prazo.
"O pessimismo é principalmente polÃtico. Temos um PaÃs sem lideranças, nem na oposição nem na situação", diz o economista. Há cerca de um mês, o mais recente livro de Sayad, Dinheiro, dinheiro (editora Portfolio Penguin), chegou à s livrarias. Na obra, o professor, ex-ministro e ex-secretário municipal e estadual em São Paulo, trata do debate entre "monetaristas" (ou "neoliberais") e "estruturalistas" (ou "desenvolvimentistas"), na interpretação da economia. Para Sayad, o exagero nos gastos públicos foi um erro do desenvolvimentismo implementado no primeiro governo da presidente Dilma.
Questionado sobre a solução em termos de aparecer algum lÃder, Sayad afirma que não vê "nem no PT, nem no PSDB, nem no PMDB" um lÃder, um partido, um conjunto de pessoas, "que consiga reunir apoio suficiente para um plano de governo e uma solução polÃtica dentro do Congresso".
O ex-ministro afirma que vamos conviver com a crise até as eleições de 2018 "com baixÃssimo crescimento (da economia)". E completa, "Eu acredito que a inflação vai cair, o que é ótimo. E vai cair porque está aumentando o desemprego, o excesso de capacidade. A forma pela qual ela vai cair é dolorosa, mas, tendo caÃdo, é ótimo. Agora, o déficit público e a estabilidade do crescimento da dÃvida não se resolve com essa recessão".
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.