Torço para que esse programa de concessões dê resultado, diz Armínio Fraga
"As inovações que estão sendo discutidas falam sobre exigir cofinanciamento do setor privado, que é uma proposta minha muito antiga. Acho correto, tem que ver um pouco qual vai ser a dosagem, como vai acontecer essa transição, mas eu penso que faz todo o sentido", afirmou.
Fraga questionou o alcance do ajuste fiscal implementado pela equipe econômica, embora reconheça que esse tipo de trabalho "nunca é fácil" e leva tempo. "Temo que no final das contas acabemos aumentando mais imposto que cortando gasto e temo um pouco pela qualidade dos cortes, que são pela sua própria natureza difíceis", afirmou o ex-presidente do BC. "E temo mais adiante que esse ajuste não seja suficiente também. É uma coisa quase que contábil", completou.
O economista calcula que, num prazo de dez anos, a carga tributária do País cresça entre seis e sete pontos no Produto Interno Bruto (PIB).
Em 2013, segundo dados da Secretaria da Receita Federal divulgados no fim do ano passado, a carga tributária correspondeu a 35,95% do PIB.
Ele inclui na conta a tendência demográfica e o crescimento do gasto do País, além da possível alteração no Fator Previdenciário. "O eventual fim do Fator Previdenciário me parece uma decisão complicada nesse momento", disse o ex-BC. Segundo ele, há anos o Brasil vive com crescimento "quase contínuo" do tamanho do Estado.
Questionado sobre as críticas que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, está sofrendo por parte do PT, partido do governo, Fraga afirmou que "todo mundo sabia o que estava fazendo" quando o convite foi feito ao então executivo do Bradesco para assumir a pasta. "Foi um convite de certa maneira ligado à situação difícil na qual o País se encontra. Na época, achei que foi um bom sinal, mas também não esperava nenhuma facilidade no desenvolvimento do trabalho dele", afirmou.
Estatais
Fraga defendeu em palestra nesta manhã, organizada pelo Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), mudanças nas estatais, para profissionalizar os conselhos de administração e exigir mecanismos de controle dessas empresas. "Nos últimos anos, as estatais têm sido vítimas de abusos e problemas", afirmou.