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SP quer viabilizar projeto de navio regaseificador em Santos, diz secretário

16:00 | 05/05/2015
O governo de São Paulo pretende viabilizar a atracação de um navio regaseificador na costa de Santos, litoral Sul paulista. O projeto, revelado nesta terça-feira, 5, pelo secretário estadual de Energia, João Carlos Meirelles, colocaria São Paulo na lista de Estados onde haveria estrutura local para regaseificação de gás natural liquefeito (GNL) importado. A Petrobras já opera três terminais nas costas do Rio de Janeiro, da Bahia e do Ceará.

De acordo com Meirelles, alternativas já estão sendo estudadas no estuário de Santos, mas outras áreas, como o porto de São Sebastião, também podem ser o destino de navios regaseificadores. "O gás seria escoado pela rede da Comgás que já existe na região", afirmou o secretário de Energia de São Paulo. A distribuidora de gás também já estaria fazendo adaptações e estudos para escoar o GNL importado e regaseificado no Brasil, segundo Meirelles. O volume possível de um projeto dessa natureza seria de 15 milhões de metros cúbicos diários (m³/d).

A modelagem de um projeto a partir da utilização de um navio regaseificador é estudada no mesmo momento em que o governo de São Paulo e empresas privadas cogitam a construção de um gasoduto que traria para o sistema de distribuição local o gás natural a ser explorado no pré-sal de Santos. "Enquanto trabalhamos na rota 4 (gasoduto), que é algo complexo e que depende de uma série de licitações e licenças, sabemos que precisamos de gás e podemos criar uma oferta crescente, que viria do GNL", afirmou Meirelles, após participar do Fórum GD e Cogeração - Iniciando um novo ciclo de desenvolvimento, organizado pela Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen) e pelo CanalEnergia.

A oferta potencial de 15 milhões de m³/d poderia ser utilizada para fornecer gás a projetos térmicos a serem instalados em São Paulo. Meirelles destaca que, se o projeto tiver uma térmica associada, até 40% do volume seria destinado para a geração de energia. A destinação firme de gás para uma térmica tornaria mais viável o projeto de importação de GNL e regaseificação na costa paulista.

Recentemente, o grupo Bolognesi e a Genpower, duas empresas com atuação no mercado energético, conseguiram viabilizar a venda de energia a ser gerada em três térmicas a gás, localizadas no Rio Grande do Sul, em Pernambuco (ambas do Bolognesi) e em Sergipe. Os três projetos serão abastecidos com GNL importado.

Térmica

Ao mesmo tempo em que pretende viabilizar a oferta de gás natural em território estadual, o governo de São Paulo também estuda alternativas para aumentar a geração de energia a partir de novos projetos térmicos. Hoje, Meirelles revelou que a Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae) deve participar da construção de uma térmica com capacidade de 250 MW, próximo à termoelétrica Piratininga. A usina é de propriedade da Emae, porém é operada pela Petrobras. No caso do novo projeto, a Emae seria uma sócia minoritária em uma eventual sociedade de propósito específico (SPE) a ser formada para operar a térmica.

"Já temos um interessado, mas vamos lançar uma chamada pública, ainda neste mês, para identificarmos interessados na implantação da térmica em um terreno que a Emae possui ao lado da Piratininga. A vantagem é que temos dutos de gás e duas linhas de transmissão de alta tensão passando por ali", salientou Meirelles. O gás para abastecer a térmica poderia vir de disponibilidade ainda existente a partir do gás natural importado via Gasbol da Bolívia.

A térmica, de acordo com o secretário estadual, poderia ser incluída em um leilão já em 2016. Para que esse cronograma seja cumprido, o modelo de negócio e o capital do projeto ainda precisam ser definidos. "Se conseguirmos formatar o modelo de negócio, acho que em um prazo possível de 12 meses temos condição de definir o projeto. Definido o negócio, você pode entrar em leilão um leilão para três anos ou no A-5 (para cinco anos)", salientou.

Além da térmica em estudo pela Emae, o governo de São Paulo também demonstra interesse na viabilização de grandes projetos geradores, como aqueles estudados pelo grupo AES e dependentes da oferta firme de gás, e de projetos menores, com capacidades de até 100 MW. Um dos projetos mais comentados pela secretaria de Energia de São Paulo é a instalação de um sistema de geração para atender a região da Paulista, onde há um grande número de hospitais. A demanda daquela região, segundo Meirelles, equivale a uma capacidade de 50 MW.

O governo paulista também já enviou à Assembleia de São Paulo um projeto de lei com vistas a autorizar a Cesp, geradora de energia controlada pelo Estado, a formar SPEs com potenciais parceiros. A Cesp seria minoritária em diferentes projetos e teria como função ser um veículo de fomento a novos projetos.

"São ações de médio e longo prazo que iniciamos agora e que mostram que o Estado de São Paulo está retomando um papel de protagonismo", disse Meirelles. "Estou aqui para convocá-los para um verdadeiro mutirão de energia", afirmou o secretário diante de uma plateia composta por executivos do setor energético.

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