Dia do Trabalho: Fiesp defende terceirização e contesta críticas com estudo
A nota técnica da Fiesp contradiz as conclusões de estudo divulgado pela CUT e pelo Dieese que mostra que o terceirizado ganha, em média, 24,7% a menos que o empregado direto, tem carga horária 7,5% maior, permanece menos da metade do tempo do trabalhador direto no emprego e fica mais suscetível a acidentes de trabalho, visto que a cada dez acidentados, oito são funcionários indiretos. Os dados, de acordo com a Fiesp, são da mesma fonte de informações usada pelo Dieese, a RAIS (Relação Anual de Informações), do Ministério do Trabalho e Emprego.
No estudo, o Departamento da Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) segregou as atividades terceirizadas em dois grupos. O primeiro é o da terceirização típica, como limpeza, segurança patrimonial e telemarketing. Nesse grupo, estão cerca de 3,5 milhões de trabalhadores. O segundo grupo agrega outros serviços e atividades mais especializadas e totaliza 8,4 milhões de pessoas.
Os economistas da Fiesp argumentam que, ao fazer uma média do total de terceirizados, o resultado da CUT e do Dieese gera "interpretações equivocadas". Porque o grupo de terceirização típica, que exige menor qualificação e engloba serviços auxiliares de baixa remuneração, tiveram um salário médio de R$ 1.402 em dezembro do ano passado. Enquanto os trabalhadores diretos receberam R$ 2.270 no mesmo mês, e os profissionais terceirizados em outras atividades tinham salário médio de R$ 2.264.
Com o estudo, Rebelo contesta a informação de que o trabalhador indireto está mais suscetível a acidentes. "Na média, o funcionário dos contratantes e o das terceirizadas têm praticamente o mesmo índice de acidentes", diz. A cada mil empregados diretos, 14,5 sofrem acidentes. A cada mil indiretos, 13 se acidentam.
Para chegar a essa média, o Depecon calculou o índice de acidentes de todos os setores classificados pelo Ministério do Trabalho, exceto aqueles ligados à agricultura. Alguns confirmam que o índice de acidentes do terceirizado é muito maior que o do profissional direto. É o caso do setor de água, esgoto e gestão de resíduos (52,1 ante 25,3) e alojamento e alimentação (23,2 ante 9,3). Outros setores, entretanto, mostram o inverso. É o caso do setor de transporte, armazenagem e correio (19,6 ante 27,8) e saúde humana e serviços sociais (14,9 ante 52,5).
Para o presidente eleito da Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), Germano Siqueira, é natural que existam essas diferenças entre os setores. "Há, por exemplo, terceirizados que ganham muito mais do que seus pares contratados diretamente. Mas isso é uma raridade", afirma. "(Acima de tudo), é preciso lembrar que cerca de 91% das empresas terceirizam suas atividades com o objetivo de reduzir custos", diz.