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Dia do Trabalho: Fiesp defende terceirização e contesta críticas com estudo

11:00 | 01/05/2015
O trabalhador terceirizado não ganha muito menos nem trabalha muito mais que o empregado direto. A maioria dos terceirizados ganham apenas 0,3% a menos que os diretos e trabalham 3,3% de horas a mais por semana. Essas são as principais conclusões de um levantamento da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), divulgado com exclusividade ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado. "A terceirização não significa precarização do trabalho. Tem trabalhador feliz na terceirização", afirma o assessor de assuntos estratégicos da presidência da Fiesp, André Rebelo.

A nota técnica da Fiesp contradiz as conclusões de estudo divulgado pela CUT e pelo Dieese que mostra que o terceirizado ganha, em média, 24,7% a menos que o empregado direto, tem carga horária 7,5% maior, permanece menos da metade do tempo do trabalhador direto no emprego e fica mais suscetível a acidentes de trabalho, visto que a cada dez acidentados, oito são funcionários indiretos. Os dados, de acordo com a Fiesp, são da mesma fonte de informações usada pelo Dieese, a RAIS (Relação Anual de Informações), do Ministério do Trabalho e Emprego.

No estudo, o Departamento da Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) segregou as atividades terceirizadas em dois grupos. O primeiro é o da terceirização típica, como limpeza, segurança patrimonial e telemarketing. Nesse grupo, estão cerca de 3,5 milhões de trabalhadores. O segundo grupo agrega outros serviços e atividades mais especializadas e totaliza 8,4 milhões de pessoas.

Os economistas da Fiesp argumentam que, ao fazer uma média do total de terceirizados, o resultado da CUT e do Dieese gera "interpretações equivocadas". Porque o grupo de terceirização típica, que exige menor qualificação e engloba serviços auxiliares de baixa remuneração, tiveram um salário médio de R$ 1.402 em dezembro do ano passado. Enquanto os trabalhadores diretos receberam R$ 2.270 no mesmo mês, e os profissionais terceirizados em outras atividades tinham salário médio de R$ 2.264.

Com o estudo, Rebelo contesta a informação de que o trabalhador indireto está mais suscetível a acidentes. "Na média, o funcionário dos contratantes e o das terceirizadas têm praticamente o mesmo índice de acidentes", diz. A cada mil empregados diretos, 14,5 sofrem acidentes. A cada mil indiretos, 13 se acidentam.

Para chegar a essa média, o Depecon calculou o índice de acidentes de todos os setores classificados pelo Ministério do Trabalho, exceto aqueles ligados à agricultura. Alguns confirmam que o índice de acidentes do terceirizado é muito maior que o do profissional direto. É o caso do setor de água, esgoto e gestão de resíduos (52,1 ante 25,3) e alojamento e alimentação (23,2 ante 9,3). Outros setores, entretanto, mostram o inverso. É o caso do setor de transporte, armazenagem e correio (19,6 ante 27,8) e saúde humana e serviços sociais (14,9 ante 52,5).

Para o presidente eleito da Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), Germano Siqueira, é natural que existam essas diferenças entre os setores. "Há, por exemplo, terceirizados que ganham muito mais do que seus pares contratados diretamente. Mas isso é uma raridade", afirma. "(Acima de tudo), é preciso lembrar que cerca de 91% das empresas terceirizam suas atividades com o objetivo de reduzir custos", diz.

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