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Investimento externo subiu para US$ 96,8 bi em 2014 com nova metodologia

13:40 | 22/04/2015
Com as mudanças de metodologia introduzidas nas contas externas, o ingresso de Investimento Direto no País (IDP) de 2014 subiu de US$ 62,495 bilhões para US$ 96,85 bilhões. IDP é a sigla agora para o antigo Investimento Estrangeiro Direto (IED). Já o antigo Investimento Direto no País, que passou a ser chamado de Investimento Direto no Exterior (IDE), foi revisto de um saldo negativo de US$ 3,540 bilhões para um saldo positivo de US$ 25,736 bilhões.

Segundo o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Túlio Maciel, a mudança de metodologia provocou uma profunda alteração nas estatísticas de IDP e IDE, principalmente, por causa da alteração de conceito relativo a empréstimos intercompanhias. Ele deu como exemplo uma captação externa de US$ 10 bilhões feita por uma subsidiaria de uma empresa brasileira no exterior. Antes essa captação transferida pela subsidiária para a matriz brasileira era considerada como empréstimo de amortização de capital. Agora, é computada como IDP dentro do conceito de "internacionalização" de recursos de "fora para dentro". "Não importa se a filial é brasileira ou não. O importante é de onde estão vindo os recursos", disse Maciel.

Maciel destacou ainda que o cenário de financiamento se mostrou mais favorável. Ele observou que o antigo IED (agora Investimento Direto no País) cobria 69% do rombo nas contas externas em 2014. Agora, com a nova metodologia, essa cobertura passou para 93%.

Ele ponderou ainda que a economia brasileira, ao longo dos últimos anos, aumentou a presença estrangeira. Explicou que o Brasil teve, ao longo dos últimos cinco anos, por meio desse investimento, maior integração de investimento estrangeiro na estrutura produtiva do país, elevando o estoque de investimento estrangeiro no País. "Reflexo disso é que a remessa de lucros e dividendos aumentou e uma novidade é que a parte que ficava no País não tinha informação, mas agora temos com a conta de lucros reinvestidos", disse.

Remessa

A partir de agora, segundo Maciel, o BC irá registrar o lucro de estrangeiros que for reinvestido no Brasil. Isso será contabilizado dentro do IDP. "As empresas que aqui se instalaram obtiveram lucros, esses lucros eram remetidos para o exterior, mas não tínhamos o que ele optou por manter. Isso entra, agora, nas nossas contas", disse.

Maciel informou ainda que a conta de renda sofreu uma mudança significativa. A despesa de rendas, com a nova metodologia, aumentou expressivamente. A incorporação de juros da dívida doméstica na mão de não residentes não passou a integrar a conta de rendas. "O impacto mais expressivo é de fato na conta de remessa líquidas, ela incorpora agora o que foi enviado e o que foi retido no Brasil desses juros e dos lucros", observou. "Embora isso não impacte no câmbio, isso é contabilizado", explicou.

Segundo Maciel, a instituição está agregando novas fontes de informações às estatísticas de balança comercial. A importação via postagem e a importação de energia elétrica, que antes não entravam nessa conta, agora passam a fazer parte dela. "Isso alterou nossos números marginalmente", disse.

Em termos econômicos, o que se observa é uma moderação do déficit na balança, ainda que pequeno. No entanto, ele acredita que os números vão melhorar a cada mês. "Expectativa para abril é de déficit da balança ainda mais moderado", observou.

Transações correntes

Segundo Maciel, a nova metodologia das contas externas afetou pouco a trajetória da relação entre transações correntes e o Produto Interno Bruto (PIB). Segundo ele, dentro desse novo arcabouço, essa relação saiu de 4,2% do Produto Interno Bruto (PIB)para 4,4% em 2014. "Nós incorporamos novas despesas em transações correntes, isso elevou o déficit, mas o PIB também ficou maior (depois da revisão do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE) e absorveu isso", explicou. Para 2015, manteve-se a perspectiva de redução do déficit em conta corrente.

Ele aproveitou para avaliar que a nova nota de Setor Externo é "especial" com migração para o novo modelo do Fundo Monetário Internacional (FMI). Segundo ele, esse novo manual que está sendo seguido representa o que há de mais avançado em compilação de estatística no setor externo. Lembrou ainda que o novo padrão está em linha com o das contas nacionais, cuja metodologia mudou em 2008 e para a qual o IBGE migrou.

"O momento é de satisfação muito grande por poder apresentar esses resultados. Os preparativos para isso se iniciaram em 2010. Para ilustrar, as pesquisas de censos de capitais, quando da sua reformulação em 2010, foi feita já pensando nessa migração para o novo manual", disse Maciel. "De lá para cá, muito trabalho foi feito, em especial pela divisão de balanço de pagamentos", afirmou.

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