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Alta do diesel tem pouco efeito no IPCA, dizem analistas

12:42 | 13/07/2012
Alta do diesel reflete no IGP com mais força e tem efeito pequeno no IPCA, dizem O reajuste de 6% no preço de venda do diesel nas refinarias, anunciado na noite de quinta-feira pela Petrobras, terá impacto mais relevante e rápido nos Índices Gerais de Preços (IGPs). No Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o diesel tem peso pequeno no cálculo e a implicação indireta que o novo aumento acarretará para a cadeia de preços dos produtos nos próximos meses tende a ser pouco perceptível, principalmente, se a economia frágil continuar diluindo repasses.

O reajuste se sobrepõe ao aumento de 3,94% do diesel anunciado no mês passado. De acordo com cálculo da Petrobras, o impacto na bomba agora ficará em torno de 4%. Como as alíquotas da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) já tinham sido zeradas quando o governo anunciou o aumento do diesel e da gasolina no mês passado, a alta de agora chegará ao bolso do usuário final do combustível. A Petrobras não fez qualquer menção a um aumento da gasolina.

O impacto direto do reajuste no preço do diesel nas refinarias será praticamente nulo na inflação ao consumidor, já que o produto tem peso pequeno nos IPCs, mas atingirá o atacado, avaliou Luis Otávio de Souza Leal, do Banco ABC Brasil. Pelos cálculos do economista-chefe da instituição, o efeito nos índices gerais de preços (IGPs), será de 0,10 ponto porcentual e já terá reflexo no Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) de julho, que será divulgado no começo de agosto, já que o aumento da Petrobras passa a valer na segunda-feira.

"Como o peso do diesel no IPA (Índice de Preços ao Produtor Amplo) é de quase 3,00%, o impacto deve ser de 0,10 ponto", afirmou, acrescentando que o efeito maior será sentido no Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) de agosto.

"O peso do diesel no IPCA é de 0,12%, portanto o aumento de 6% nas refinarias causaria uma alta de 0,007% no IPCA", comentou o economista da LCA Consultores, Antônio Madeira, destacando que o impacto direto é muito baixo. "Por outro lado, temos o impacto indireto pelo aumento do custo do transporte privado", salientou. "Também existe o risco de uma elevação futura das tarifas de ônibus", comentou o economista, observando que estes últimos efeitos demoram para afetar os IPCs.

"O impacto principal acontecerá sobre o IGP, sendo que, somando os dois reajustes concedidos, o impacto total será de 0,27 ponto porcentual, com efeito começando a ser sentido no IGP-M deste mês", comentaram os economistas do Bradesco, que também consideram que o impacto primário sobre o IPCA será bem mais modesto. A equipe calcula um efeito de 0,01 ponto porcentual no IPCA, já que dessa vez não há compensação por isenção tributária.

O momento de anúncio do aumento fará com que a alta não tenha qualquer efeito direto na próxima divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15). Como o reajuste de preços do diesel entra em vigor na segunda-feira, dia 16, o impacto do reajuste não vai aparecer no IPCA-15 de julho. O período de coleta do índice situa-se, aproximadamente, do dia 15 do mês anterior ao dia 15 do mês de referência. O IPCA-15 de julho só será divulgado no dia 20 deste mês.

As pressões para as tarifas de transporte público devem ser mais visíveis em 2013. Neste ano, a eleição municipal tem ajudado a inibir o aumento dos preços das tarifas, mas a recomposição de preços desse item terá impacto na inflação ao consumidor no ano que vem. Como o setor privado não precisa de votos, o aumento do diesel pode ter repasse mais acelerado no transporte privado.

O IGP-M é muito usado nos reajustes de transporte escolar e também de aluguéis. O IGP-M ainda é aplicado em contratos de concessão mais antigos das rodovias administradas por grupos privados de São Paulo e serve de referencial para reajustes de pedágio.

IGP acima de 1% em agosto

O economista do ABC afirmou que o reajuste tende a pressionar ainda mais os IGPs e não descarta altas nos dados cheios superiores a 1,00%, podendo chegar a 1,30% no mês que vem. Além do segundo aumento no preços do combustível da estatal, os preços no atacado vêm sendo influenciados pelo avanço do complexo soja, principalmente da soja em grão. "Tanto que minha projeção para os IGPs está acima de 7,00% para o final de 2012", disse.

Na pesquisa Focus da última segunda-feira, as estimativas dos analistas de mercado para os IGPs subiram mais uma vez e ficaram acima de 6,00%. Para o IGP-DI, a previsão avançou de 5,94% para 6,19%. Para o IGP-M, saiu de 5,87% para 6,09%.

Divulgado no dia 11 de julho, a primeira prévia do IGP-M deste mês já trouxe uma surpresa, ao acelerar para 0,95%, ante uma alta de 0,68% registrada em igual prévia de junho. O índice superou o teto das estimativas dos analistas do mercado financeiro ouvidos pelo AE Projeções, que era de 0,88%.

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