Produção industrial deve cair até 2% em 2012
Ao comentar a Sondagem Industrial por categorias de uso, a maioria delas mostra queda na confiança dos empresários. O único setor que apresentou crescimento da confiança em fevereiro foi o de bens de capital, de 6,4% em relação a janeiro. Mesmo assim, de acordo com Campelo, esse segmento só começou a melhorar agora, enquanto o Índice de Confiança da Indústria (ICI) como um todo vem melhorando desde novembro do ano passado.
"É um bom sinal, mas ainda não influenciou a média trimestral da confiança do setor, que continua negativa em 1,3%", afirmou. "Precisamos ver se esta direção será mantida."
Estoques
Segundo Campelo, o ajuste dos estoques da indústria em janeiro contribuiu para o pequeno crescimento de 0,2% do Índice de Confiança da Indústria (ICI) em fevereiro. Dos 14 setores consultados na pesquisa mensal da FGV, apenas três disseram estar com mais de 10% das empresas fortemente estocadas. Esses três setores, de acordo com Campelo, respondem por 6% do PIB industrial brasileiro. Esses três setores, que já tinham sido os mesmos com elevado nível de estoques de janeiro, são têxtil, farmacêuticos e veterinários e mobiliário.
Em dezembro, eram oito os setores com alto nível de estoques, respondendo por 41% do PIB industrial. Apesar da redução no número de setores estocados acima do desejável, Campelo avalia que o ICI está expandindo pouco porque a indústria acabou sendo influenciada pela queda de 1% na demanda interna na passagem de janeiro para fevereiro. "Nossa interpretação era que com os ajustes dos estoques, seria aberta uma perspectiva de crescimento maior. Mas o resultado de fevereiro mostrou que os ajustes de estoques não melhoraram o nível de confiança do empresário", avaliou Campelo.
A leitura dos dados feita pelo coordenador da pesquisa é que a redução dos estoques, por ser uma variável mais presente no dia a dia do empresário, levou ao crescimento de 0,6% do Índice da Situação Atual (ISA) em fevereiro. No entanto, a piora da demanda interna prejudicou o Índice de Expectativas (IE), que recuou 0,4% em fevereiro na comparação com janeiro. Outro fator que pode ter contribuído para a evolução aquém do esperado no Índice de Confiança é o câmbio, cuja cotação continua impondo perda de rentabilidade à indústria e ao mesmo tempo barateando as importações. "De qualquer forma, o pior momento da indústria ficou para trás, em outubro de 2011, quando a confiança ficou estável e as expectativas começaram a piorar", disse Campelo.