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Mínimo injetará R$ 47 bi na economia

Estimativa da Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas aponta que 70% do dinheiro dos benefícios da Previdência são aplicados na economia local

09:13 | 08/01/2012
Quase 70% do dinheiro originário dos benefícios pagos pela Previdência, como aposentadoria e auxílio-desemprego, são aplicados diretamente na economia local, o que significa uma injeção de R$ 10,5 bilhões mensais, segundo estatística da Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas do INSS (Cobap). Com o recente aumento do salário mínimo, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) estima que R$ 47 bilhões sejam inseridos na economia, juntando aposentadorias, pensões e salários dos trabalhadores.

Para o presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon-CE), Vicente Férrer, somente esse fato já é “extremamente positivo”, porque “aquece o mercado interno, melhorando a distribuição de renda e reduzindo as desigualdades sociais e econômicas”.

Por outro lado, alguns setores econômicos alertam para um impacto excessivo na Previdência, que precisará de R$ 19,8 bilhões a mais este ano para fechar as contas. Para a Federação do Comércio de São Paulo (Fecomércio-SP), o recente aumento do salário mínimo “reduz a capacidade do governo em investir, pois o esforço adicional deverá ser exigido no corte de outras despesas para que se mantenham as metas orçamentárias”.

Na opinião do presidente do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT-CE), Francisco de Assis Diniz, no entanto, embora ocorra um impacto maior nas contas da Previdência, este ano, a capacidade arrecadatória do Estado também passou a ser maior, sendo calculada em cerca de R$ 22 bilhões. “Há, então, uma diferença positiva que compensa o gasto com as aposentadorias”, argumenta.

Para o economista Henrique Marinho, o impacto maior será de forma positiva, já que o comércio será o grande beneficiário desse aumento. Ele diz que, se para o trabalhador, R$ 77 de aumento, é pouco, para a economia como um todo, o efeito será considerável. “Além disso tudo, há muito tempo o objetivo era obter um salário mínimo que chegasse perto de US$ 100, hoje é mais de 300”.

O método de reajuste do salário mínimo foi definido por meio de uma medida provisória aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada, em fevereiro de 2011. Ela estabelece que o valor será reajustado, até 2015, com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do ano anterior mais a variação do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes.

Segundo cálculos do Dieese, com o reajuste, o valor diário do salário mínimo corresponderá a R$ 20,73 e o valor pago pela hora de trabalho será de R$ 2,83. Essa política de valorização do salário mínimo é fruto de acordo firmado entre o Governo Federal e as centrais sindicais. Desde o início de 2011, a Secretaria-Geral da Presidência da República coordena a Mesa Permanente de Diálogo integrada por seis centrais sindicais.

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Apesar do impacto de R$ 19,8 bilhões nas contas da Previdência Social, a expectativa é que o Governo arrecade R$ 22 bilhões a mais, este ano, a partir do aumento de 14,2%, que elevou o salário mínimo de R$ 545 para R$ 622, no início deste ano.

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Essa é a primeira vez que a administração petista não reajusta o valor do mínimo para um múltiplo de R$ 5. Essa prática era seguida para facilitar os saques em caixas eletrônicos.

Apesar de ter sido convertida em lei, ano passado, a sistemática de reajuste a partir do INPC e do PIB vinha sendo adotada desde o segundo governo Lula.

Ao não elevar o valor para R$ 625, o Governo economizará cerca de R$ 900 milhões no próximo ano, um valor modesto em um Orçamento de mais de R$ 940 bilhões.

Para muitos analistas, o reajuste do mínimo terá forte impacto nas despesas com aposentadorias, benefícios assistenciais e seguro-desemprego.

Esse é um dos motivos pelos quais a maior parte dos analistas e investidores duvida que o Governo Federal vá conseguir cumprir suas metas fiscais.

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