Pesquisador da Uece identifica nova espécie de anfíbio e homenageia Paulo Freire

Apesar de recém-descrita, a espécie encontrada em Pernambuco já pode ser considerada em perigo de extinção. Pesquisadores alertam para conservação da Mata Atlântica

07:32 | Nov. 30, 2025

Por: Penélope Menezes
A espécie encontrada possui um tamanho pequeno, com variação de 12,7 a 16,3 mm (foto: Divulgação dos pesquisadores)

Em parceria com pesquisadores da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e da Universidade Federal do Ceará (UFC), o professor Igor Joventino Roberto, da Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos (Fafidam/Uece), descreveu uma nova espécie de anfíbio. A descoberta foi publicada no periódico internacional Amphibia-Reptilia em outubro de 2025.

A espécie, identificada em poças provisórias dentro de matas preservadas, em fragmentos florestais da Mata Atlântica de Pernambuco, recebeu o nome de Ololygon paulofreirei. A decisão homenageou o educador brasileiro Paulo Freire, nascido na mesma região onde a perereca foi encontrada, em Recife.

“As espécies do grupo na qual Ololygon paulofreirei faz parte são morfologicamente muito semelhantes. Através das análises bioacústicas (vocalização) e genéticas verificamos que a espécie era diferente de todas as demais já descritas do gênero”, explica o pesquisador Igor Roberto.

O tamanho é pequeno — com variação de 12,7 a 16,3 mm. Outro ponto é a grande diversidade de padrões de coloração, além de um canto composto por notas longas e pulsadas, semelhantes ao som de um grilo.

Nova espécie de anfíbio: conheça mais sobre a pesquisa

O professor relata que os autores do estudo já vêm trabalhando há vários anos nos fragmentos de Mata Atlântica de Pernambuco. “A pesquisadora Ednilza Maranhão dos Santos, da UFRPE, foi a primeira pessoa que encontrou a espécie no Parque Estadual de Dois Irmãos”, explica.

A co-autora convidou Igor Roberto, ao lado do professor Robson Ávila, da UFC, e do pesquisador Marcelo Lima, para que o grupo pudesse investigar a identificação da espécie.

“Esse trabalho envolve realizar medidas e análises morfométricas (medidas de várias estruturas do corpo), comparar a vocalização da espécie com as demais e analisar geneticamente se a espécie seria distinta”, diz Igor, acrescentando que o processo é chamado de taxonomia integrativa.

Recém-descoberta pelos estudiosos, a perereca já pode estar em perigo de extinção, considerando o fragmento de Mata Atlântica onde grande parte da população da espécie ocorre.

Ao homenagear Paulo Freire, espera-se ainda que a espécie se torne uma bandeira para a conservação desses fragmentos.

“A espécie ocorre em uma região da Mata Atlântica que é considerada um centro de endemismo (Centro de Endemismo de Pernambuco), ou seja, uma região que possui várias espécies de animais e plantas que só ocorrem lá, incluindo várias espécies que foram descritas recentemente dessa região e espécies ameaçadas de extinção”, ressalta.

O Centro de endemismo de Pernambuco é considerado uma das regiões mais ameaçadas da Mata Atlântica.