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Pescador morre antes de ser atendido em posto de saúde em Jijoca de Jericoacoara

Familiares contaram que não haviam médicos no posto e a massagem cardíaca foi feita por enfermeiras. O corpo só será liberado às 18 horas, quando algum profissional chegar

15:15 | 01/05/2015
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Atualizada às 21h12

Um homem de 42 anos morreu na manhã desta sexta-feira, 1°, antes de ser atendido no posto de saúde localizado em Jijoca de Jericoacoara, a 294 km de Fortaleza. Francisco Agemeu André Pereira, que era pescador, foi levado de casa em uma ambulância, mas não resistiu. A família relatou que o posto estava sem médicos e ninguém soube informar as causas da morte. Em abril, um turista morreu na unidade.

O caso ocorreu por volta das 10 horas, quando Francisco André foi levado de ambulância para o posto. "Eu só soube quando minha neta chegou na minha casa dizendo que ele tinha caído, não estava falando. Não sabemos se ele se sentiu mal. Depois, avisaram que tinha morrido", contou o aposentado Francisco Albanito Pereira, 66.

De acordo com o aposentado, o filho foi pescar no início da manhã e ainda passou na casa dele, na rua Isabeli - entrada de Jericoacoara. "Amanheceu ele estava trabalhando. Veio aqui, tomou um café e pediu pra gente 'ajeitar' o almoço. Foi pra casa dele na rua das Dunas e não voltou", explicou Albanito.

O pai de André Pereira afirmou que a casa do filho é bem perto do posto de saúde, mas nenhum médico estava de plantão na unidade e a massagem cardíaca teria sido feita pelas enfermeiras. Além disso, a família ainda não conseguiu buscar o corpo, que será liberado por volta das 18 horas desta sexta-feira, 1°.

"Não tem médico então eles disseram que não podem liberar. Só umas 18 hora quando um médico chegar. As enfermeiras não sabem de nada, nem dizer de quê ele morreu. Uma pessoa que tava bem hoje de manhã", frisou o aposetado. André deixa mulher e seis filhos.

A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Jericoacoara ainda não começou a realizar atendimentos e não tem prazo de inauguração.

Resposta da Secretaria de Saúde de Jijoca 
Em nota à imprensa, a Secretaria de Saúde de Jijoca de Jericoacoara, através da secretária Karine Facó, se pronunciou sobre o ocorrido. De acordo com a pasta, quando o paciente chegou ao local de atendimento, ele já se encontrava sem os sinais vitais. "A equipe de plantão, embora tendo empenhado todos os esforços no sentido de reanimá-lo não obteve êxito", relata trecho do texto.

"Importante informar que o posto de saúde da localidade de Jericoacoara, por ser uma unidade de saúde básica, não tem obrigatoriedade por Lei de funcionar nos feriados e fins de semana, entretanto em face da importância turística do Município e em respeito à população local, a Prefeitura mantém nesses dias uma equipe de plantão para suprir eventuais ocorrências", diz a nota.

A Secretaria esclarece que o médico integrante da equipe de profissionais do posto de saúde é credenciado pela Provab, programa que determina aos médicos credenciados que os mesmos tenham oito horas semanais para atividades acadêmicas, sendo as sextas-feiras o dia acordado para a sua liberação, conforme Edital 02/15 de janeiro deste ano.

"Salientamos que, em virtude do feriado do Dia do Trabalho e também em cumprimento das normas estabelecidas pelo Provab, não foi possível alocar um médico plantonista para este dia. Lamentamos profundamente o ocorrido e informamos que o Município prestou toda a assistência a família do Sr. Francisco Ageneu", finaliza a pasta.

Outro caso

No dia 8 de abril, um turista de Santa Catarina morreu no posto saúde de Jijoca de Jericoacoara. O paciente necessitava de um equipamento de ressurreição cardiopulmonar e não resistiu.

Na ocasião, Cláudio Eduardo Coninck ainda foi atendido por um proprietário de uma empresa privada de atendimento médico de urgência. O proprietário da empresa explicou, no entanto, que seriam necessários dois equipamentos: um monitor cardíaco e um desfibrilador.

Uma moradora da região, que não quis se identificar, contou que a Prefeitura agora probiu a empresa privada de auxiliar nos atendimentos. "As enfermeiras contaram que estavam proibidas de chamar o atendimento privado, sendo que não tinha ninguém capacitado no posto para fazer os procedimentos. Outros dois médicos, que trabalhavam aqui, foram embora porque não eram pagos", disse.

A fonte ainda reclamou do atraso para a inauguração da UPA de Jericoacoara, que poderia ter equipamentos necessários. "Não deixam a empresa ajudar então que pelo menos abram logo a UPA, que está pronta, mas parada. Eu tenho receio de isso [falta de atendimento] acontecer comigo", completou.

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