PF desarticula fraudes em auxílio emergencial no Interior do Ceará; pré-candidatos são suspeitos

As pessoas recebiam prioridade na concessão do benefício de R$ 600 e, em troca, teriam de votar em um candidato determinado nas eleições municipais no fim deste ano

16:52 | Mai. 21, 2020

Josefa Lourenço, chefe da delegacia da Polícia Federal de Juazeiro, onde aconteceu a coletiva afirma que a população é vítima do esquema (foto: Divulgação/PF)

A Polícia Federal (PF) cumpriu mandados de busca e apreensão no município de Aurora, a 464 quilômetros de Fortaleza, na manhã desta quinta-feira, 21. Segundo investigação, políticos da localidade, pré-candidatos a prefeito e vereador no pleito destes ano, estariam prometendo celeridade em repasses do auxílio emergencial a pessoas afetadas pela crise do coronavírus em troca de votos na eleição municipal deste ano.

De acordo com a PF, em coletiva realizada nesta manhã, no distrito de Ingazeira, um homem de uma igreja protestante, que não teve o nome revelado, orientava os fieis a deixarem seus documentos na casa de um político, que também não foi identificado pela PF, para dar celeridade no recebimento do benefício, sem a necessidade de pegar filas. Em troca, as pessoas deveriam votar no candidato.

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Uma casa lotérica do município, que não possui agência bancária, também faria parte do esquema. “E esse pagamento seria feito com um cheque emitido diretamente pela própria lotérica”, informa o comandante da operação, delegado da PF Bruce Miler. De acordo com o delegado, rádios e sites de Aurora noticiaram que houve efetivamente a emissão dos cheques e que eles foram apanhados na própria lotérica.

“Esse ano é atípico em face da pandemia. Um ano em que um valor muito grande de recursos públicos estão sendo liberados para a população e que é necessário que os órgãos da segurança pública e da justiça criminal estejam atentos para que sejam aplicados devidamente”, aponta o delegado.

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Josefa Lourenço, chefe da delegacia da Polícia Federal de Juazeiro do Norte, onde aconteceu a coletiva, afirma que a população é vítima do esquema. Nesse período de pandemia, ainda de acordo com a delegada, a população se torna suscetível de aceitar qualquer tipo de vantagem. “E essas vantagens criam vínculo psicológico. As pessoas se sentiriam na obrigação de votar naquele que facilitou, no momento da pandemia, o recebimento do benefício” aponta.