Verão começa hoje; o que esperar da estação no Brasil e no Ceará

Estação, que começa neste domingo, 21, vai até 20 de março e traz expectativa de temperaturas elevadas, chuva irregular e necessidade de cuidados com calor e tempo instável

16:01 | Dez. 21, 2025

Por: Victor Marvyo
Inmet e Inpe preveem verão mais quente e com chuva irregular no Brasil. (foto: FÁBIO LIMA)

Com o início oficial do verão, o comportamento do clima passa por transformações significativas que impactam diretamente a rotina da população. A estação no Hemisfério Sul começa oficialmente neste domingo, 21 de dezembro, e segue até 20 de março de 2026. O período é marcado por temperaturas elevadas e distribuição irregular das chuvas, segundo previsões meteorológicas e climáticas.

De acordo com o prognóstico climático para o verão 2025/2026, divulgado pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a estação deverá registrar temperaturas acima da média climatológica na maior parte do Brasil. A projeção também aponta para um regime de chuvas irregular, com volumes acima da média em algumas regiões e abaixo em outras — incluindo áreas do Nordeste.

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Nordeste deve ter chuvas abaixo da média

No Nordeste, o prognóstico indica predomínio de chuvas abaixo da média em praticamente toda a região. O cenário é mais crítico na Bahia, no centro-sul do Piauí e em grande parte de Sergipe, Alagoas e Pernambuco, onde o déficit hídrico pode chegar a até 100 milímetros no trimestre entre janeiro, fevereiro e março (JFM).

Volumes próximos ou ligeiramente acima da média são esperados apenas no centro-norte do Maranhão, no norte do Piauí e no noroeste do Ceará, abrangendo regiões como Sobral, Serra da Ibiapaba, litoral de Camocim e Acaraú e Meruoca, incluindo municípios como Sobral, Tianguá, Granja, Camocim e Ubajara.

Em toda a região Nordeste, as temperaturas devem permanecer acima da média, com anomalias superiores a 1° C em áreas da Bahia e do sul do Maranhão e do Piauí, e de até 0,5°C nos demais estados.

No interior nordestino, especialmente no semiárido, a combinação de chuvas escassas e temperaturas elevadas aumenta o risco de déficit hídrico. A irregularidade das precipitações pode comprometer o avanço do plantio e afetar culturas de sequeiro, exigindo manejo mais cuidadoso do solo e da água.

Especialistas também alertam que sistemas climáticos regionais, como a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) e a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), podem provocar variações rápidas nas condições do tempo, com possibilidade de tempestades, ventos fortes e descargas elétricas.

As previsões para o trimestre de janeiro a março de 2026 consideram a expectativa de um episódio fraco do fenômeno La Niña, além das anomalias observadas na temperatura da superfície do mar no Oceano Atlântico e das projeções dos modelos do Inmet, do Inpe e da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme).

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Solstício marca início da estação

O domingo, 21, também é marcado pelo solstício de verão — o dia mais longo do ano no Hemisfério Sul, quando há maior incidência de radiação solar. No verão, os dias tornam-se mais longos que as noites, e as mudanças rápidas nas condições do tempo são comuns.

O que esperar no Ceará

No Ceará, o verão costuma trazer aumento das temperaturas e maior instabilidade climática, com alternância entre períodos de calor intenso e pancadas rápidas de chuva.

Segundo a Climatempo, a chuva do verão 2025/2026 deve ficar um pouco abaixo da média em quase todo o País. A maior deficiência é esperada na costa norte do Brasil, entre o litoral do Pará e do Ceará, além de áreas do interior do Maranhão e do Piauí.

A empresa também projeta que o verão será ligeiramente mais quente que o normal em praticamente todo o Ceará, com temperatura média acima da climatologia. O Estado deverá registrar diversos períodos de veranico — caracterizados por calor acima do normal e pouca chuva.

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Conforme boletim da Funceme, que analisa o período de novembro de 2025 a janeiro de 2026, as médias históricas de precipitação no Ceará são de 31,6 mm em dezembro e 98,7 mm em janeiro.

Especialistas reforçam que, durante o verão, a combinação entre o aquecimento do ar, a maior incidência solar e os sistemas de umidade tropical influencia tanto o calor quanto as chuvas no Estado.

Para moradores e turistas, o cenário exige atenção redobrada: é preciso estar preparado tanto para dias de calor intenso quanto para chuvas rápidas e fortes, típicas do verão nordestino, além de cuidados com a saúde, hidratação e segurança em áreas costeiras e de lazer.

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Transição climática e influência dos oceanos

O doutor em Geografia e professor do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC), Fábio de Oliveira, explica que um ponto central para o verão de 2026 é o enfraquecimento do fenômeno La Niña, caracterizado pelo resfriamento das águas do Pacífico Equatorial.

“O Ceará vive um período de transição climática, o que influencia diretamente o regime de chuvas”, explica.

Segundo o especialista, o verão é tradicionalmente marcado por temperaturas mais elevadas e pelo início de pancadas de chuva, resultado do aquecimento do ar. Nesse contexto, os oceanos tendem a ficar mais quentes, o que pode favorecer a ocorrência de ondas de calor marinhas.

“O posicionamento do Hemisfério Sul em relação ao Sol e a intensidade da radiação solar são fatores determinantes para o aquecimento das águas”, destaca.

O impacto do verão, porém, não é uniforme em todo o Estado. No litoral, a presença das brisas marinhas e a melhor circulação do ar proporcionam sensação térmica mais amena. Já no interior, a distância do mar e a menor umidade tornam o calor mais intenso.

O professor ressalta ainda que as mudanças climáticas têm intensificado esses extremos, resultando em verões cada vez mais quentes e eventos climáticos mais intensos.

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Contexto climático recente

Segundo a astrônoma do Observatório Nacional (ON/MCTI), Josina Nascimento, o verão é a estação mais quente do ano devido à inclinação de cerca de 23 graus do eixo da Terra em relação ao plano de sua órbita.

“Quando é verão no Hemisfério Sul, os raios solares incidem mais diretamente nessa região, aumentando a temperatura e a duração do dia”, explica.

Ela acrescenta que os efeitos das estações são mais intensos quanto maior a distância do Equador. Próximo à linha equatorial, a variação entre dias e noites é menor ao longo do ano, enquanto nos polos essa diferença é máxima.

A última estação de verão, entre 2024 e 2025, foi uma das mais quentes já registradas no Brasil desde 1961, com temperaturas acima da média histórica, ondas de calor frequentes e episódios de chuvas intensas em diversas regiões do País.