Mais de 100 mil pessoas no Ceará tiveram diarreia aguda em 2022

Índice é maior 38% do que o registrado em 2021; levantamento leva em consideração registros realizados no sistema de monitoramento (SIVEP-DDA) até o período equivalente a Semana Epidemiológica (SE) 45 deste ano

08:54 | Dez. 30, 2022

Por: Gabriela Almeida
A diarreia pode ser um dos sintomas da Covid-19, embora não seja o mais comum (foto: Reprodução)

O Ceará teve 198.494 casos notificados de Doenças Diarreicas Agudas (DDA) durante o ano de 2022, segundo boletim epidemiológico da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa)— divulgado nesta semana. Número é 38% maior ao registrado em 2021, onde foram identificados 142.919 ocorrências desse porte.

Levantamento leva em consideração registros realizados no sistema de monitoramento (SIVEP-DDA) até o período equivalente a Semana Epidemiológica (SE) 45 deste ano. Dentro desse intervalo de tempo, foram registrados 18 surtos da doença em toda a Unidade Federativa. 

Conforme pasta de saúde, a DDA é um grupo de doenças infecciosas gastrointestinais que são caracterizadas por uma síndrome onde há ocorrência de, "no mínimo, três episódios de diarreia aguda em 24 horas", quando há diminuição da consistência das fezes e aumento do número de evacuações.

Segundo Victor Queiroz, residente de gastroenterologia do Hospital Geral de Fortaleza (HGF), a diarreia pode ter várias causas, mas a mais comum são aquelas provocadas por doenças virais. Ainda conforme especialista, geralmente a patologia tem tempo de ação entre 7 a 14 dias.

"Elas (diarreias) têm hora pra começar e terminar, se passar desse período (entre 7 e 14 dias) a gente precisa fazer uma investigação mais ampla", explica Victor, completando: "Qualquer doença viral pode provocar náuseas, vômito, dor na barriga e diarreia".

A Covid-19 é um exemplo de doença provocada por vírus e que pode causar diarreia, apesar de não ser esse um dos sintomas principais da patologia pandêmica.

Além das diarreias provocadas por doenças virais, há ainda– dentre outras, aquelas relacionadas ao consumo de lactose, a doenças autoimunes e as bacterianas, provocadas geralmente pelo consumo de alimentos crus.  Especialista ainda destaca que "não há um remédio especifico para tratar a doença", sendo necessário tomar medicamentos recomendados para tratar de cada tipo de sintoma.

Incidência no Estado

A maior ocorrência de DDA neste ano acometeu pessoas de dez anos ou mais (59,6%), seguida da faixa etária de um a quatro anos (21,5%), de cinco a nove anos (12,9%) e menores de um ano de idade (6,0%). Incidência da doença foi de 2140,1 por 100 mil habitantes.

Segundo balanço, até a SE 45 os municípios com maiores incidências de diarreia aguda no Ceará foram: Ararendá (18273,7), Hidrolândia (14.970,7), São Gonçalo do Amarante (11.736,9), Penaforte (11.089,4), Eusébio (8.472,8), Tejuçuoca (8.291,1), Aratuba (8.104,4), Horizonte (7.654,1), Groaíras (6.792,0), Quixelô (6.763,5), Independência (6.581,2), Santana do Acaraú (6.374,2) e Jaguaribara (6.312,6).

Já em relação aos casos de doença diarreica notificados no SIVEP-DDA nos últimos cinco anos, o Ceará registrou: 2018 (306.9650), 2019 (309.313), 2020 (200.391), 2021 (142.919) e em 20202 (198.494).

De acordo com pasta, pode ser considerado surto "a ocorrência de, no mínimo, dois casos de diarreia, relacionados entre si, após ingestão do mesmo alimento ou água da mesma origem". Em 2021, cinco municípios passaram por esse tipo de situação epidemiológica no Ceará. Já em 2022, até a SE 45 foram registrados 16 surtos no Estado. 

Medidas de prevenção

Ainda segunda Sesa, o período equivalente à quadra chuvosa, que no Ceará tem início em janeiro e se estende até meados de abril, é o mais vulnerável para o aumento do número de casos da doença.  De acordo com Victor, isso ocorre porque o tempo chuvoso contribui para aumentar a proliferação de vírus que provocam diarreia. 

Pasta dá recomendações gerais de como se prevenir contra esses tipo de infecções. Confira abaixo:

  • Lave as mãos regularmente: antes, durante e após a preparação e ingestão dos alimentos;
    ao manusear objetos sujos; depois de tocar em animais; após utilizar transporte público;
    depois de ir ao banheiro ou após a troca de fraldas; antes da amamentação e sempre que
    voltar da rua.
  • Lave e desinfete as superfícies, os utensílios e equipamentos usados na preparação de
    alimentos.
  • Selecione alimentos frescos com boa aparência e, antes do consumo, os mesmos devem ser
    lavados e desinfetados;
  • Para desinfecção de hortifruti (frutas, legumes e verduras) deve-se imergir os alimentos em
    uma solução preparada com 10 ml (1 colher de sopa) de hipoclorito de sódio a 2,5% para
    cada litro de água tratada;
  • Trate a água para consumo: filtrar; ferver; tratar com solução de hipoclorito de sódio a 2,5%
    para cada litro de água (aguardar 30 minutos antes de usar).