4 detentos fogem de presídio de BH com alvarás falsos emitidos por hacker preso
Criminosos usaram credenciais de juízes. CNJ afirma que não houve invasão ou violação estrutural aos sistemas judiciais
18:41 | Dez. 24, 2025
Quatro detentos deixaram o presídio de Belo Horizonte, em Minas Gerais, pela porta da frente. Eles fugiram do sistema prisional (MG) no sábado, 20, utilizando habeas corpus falsificados.
De acordo com o Estadão, até a noite dessa terça-feira, 23, apenas um deles tinha sido preso novamente; os outros três permanecem foragidos.
Segundo as investigações, um dos fugitivos é um hacker preso em dezembro numa investigação sobre fraudes eletrônicas contra sistemas judiciais. Ele teria coordenado a ação.
Conforme o g1 Minas, a investigação aponta que a organização criminosa formada por hackers e estelionatários usava credenciais, ou seja, logins e senhas, associados a juízes para acessar o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Ainda não há informações de como os criminosos tiveram acesso às credenciais. O acesso ilegal permite que o grupo simule decisões oficiais e altere dados sensíveis de processos.
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A fuga ocorreu com o uso de alvarás de soltura falsificados no Banco Nacional de Mandados de Prisão, parte do sistema do CNJ.
A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) recebeu as informações para a liberação de detentos do sistema prisional.
A pasta, em nota ao Estadão, informou que instaurou procedimentos internos para apurar a fuga do Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) Gameleira.
"A ocorrência está sendo apurada administrativamente, e foram instaurados os procedimentos internos cabíveis, além dos encaminhamentos para as investigações no âmbito criminal", afirmou a Sejusp.
Identidade dos fugitivos
Os quatro homens foram identificados pela polícia de Minas como Ricardo Lopes de Araújo, Wanderson Henrique Lucena Salomão, Nikolas Henrique de Paiva Silva e Júnio Cezar Souza Silva - este já foi recapturado. Segundo as investigações, quem coordenou a fraude foi Araújo, um hacker preso no início de dezembro. Conforme o G1, outras cinco pessoas são suspeitas de integrarem a organização criminosa.
Conhecido como Dom, ele foi um dos nove presos pela Polícia Civil em 10 de dezembro durante a operação "Veredicto Sombrio". É apontado como integrante de uma organização criminosa especializada, justamente, em fraudes eletrônicas contra sistemas judiciais, especialmente o CNJ.
O grupo tentava liberar valores bloqueados pela Justiça, além de alterar dados de mandados de prisão e alvarás de soltura.
O CNJ, por meio de nota ao Estadão, informou "que não houve invasão ou violação estrutural aos sistemas judiciais sob sua administração". "As ocorrências em apuração referem-se ao uso fraudulento de credenciais legítimas de acesso, obtidas de forma ilícita", diz outro trecho do documento enviado à reportagem.
Ainda de acordo com o órgão, as ordens fraudulentas foram identificadas em menos de 24 horas e canceladas, com restauração dos mandados prisionais, "além do imediato acionamento dos órgãos de segurança estaduais e federais para a recaptura dos foragidos". (Com Agência Estado)