Grupo vigiava motéis para extorquir pessoas por supostas traições
Criminosos fotografavam veículos das vítimas na saída de motéis e cobravam até R$15 mil para não divulgar o material das supostas traições
13:27 | Ago. 26, 2025
Um esquema criminoso que extorquia vítimas sob alegação de não divulgar imagens de supostas traições foi desarticulado na manhã desta terça-feira, 26, no Rio Grande do Sul.
Operação, batizada de Segredo de Alcova, foi executada pela Delegacia de Repressão aos Crimes Patrimoniais Eletrônicos do Departamento Estadual de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCPE/Dercc), da Polícia Civil.
Cinco pessoas foram presas e documentos e aparelhos celulares foram apreendidos.
De acordo com os investigadores, a ação iniciava com a vigilância e o registro fotográfico e audiovisual de veículos, principalmente de alto padrão, na entrada e saída de motéis de Porto Alegre (RS) e Região Metropolitana.
Para obter dados pessoais das vítimas, como nome completo, contatos telefônicos e informações sobre familiares, o grupo utilizava aplicativos e técnicas de engenharia social, segundo a Polícia.
Informados, os criminosos se passavam por detetives particulares e entravam em contato com as vítimas, na maioria das vezes via aplicativos de mensagens.
O grupo alegava ter sido contratado pelos respectivos cônjuges das vítimas para investigar a suposta traição e ameaçava expor o material obtido. Em troca do silêncio sobre os casos, era exigido o pagamento, via pix, de valores que chegavam a até R$15 mil por vítima.
Investigados assumiram diferentes tarefas dentro do esquema
Segundo os investigadores, foi identificada uma divisão de tarefas entre os membros do grupo. Uma operadora externa, identificada como uma mulher de 27 anos, estaria conectada a um núcleo de criminosos violentos, presos em diferentes unidades prisionais na cidade de Charqueadas, que orquestrava a parte técnica e executava os crimes.
Confira as funções dos criminosos dentro da ação
• Operadora Externa: uma das principais articuladoras do esquema fora do sistema prisional. Responsável por fotografar os veículos nas proximidades dos motéis e, posteriormente, contatar as vítimas para exigir os pagamentos.
• Coordenação Técnica (Sistema Prisional): um detento de 32 anos, recluso em Charqueadas desde 2016, atuava como coordenador técnico do golpe. De dentro da prisão, ele realizava as consultas de dados dos veículos e de seus proprietários. O investigado possui uma extensa ficha criminal, com passagens por extorsão, estelionato, homicídio doloso, roubo de veículo e porte ilegal de arma de fogo de uso restrito.
• Execução: em outra unidade prisional de Charqueadas, a investigação identificou um núcleo que operava a partir de uma única cela. Três detentos atuavam em conjunto na execução das extorsões. Um deles possui antecedentes por roubo de veículo, homicídio doloso, estelionato e tráfico de entorpecentes. O outro tem passagens por homicídio doloso, roubo, extorsão e organização criminosa. O terceiro integrante possui antecedentes por roubo de veículo e porte ilegal de arma, além de atos infracionais na adolescência por homicídio e tráfico.
Segundo a polícia, 10 vítimas que registraram ocorrência policial foram identificadas até o momento. O prejuízo financeiro confirmado, referente aos valores efetivamente pagos pelos alvos da extorsão, é de cerca de R$10 mil. O valor total solicitado pelos criminosos nas ocorrências apuradas ultrapassa R$21 mil.
Confira imagens da operação