Jovem de 17 anos morre após ser espancado em Manaus; ataque teria sido motivado por homofobia
Testemunhas afirmam que as agressões teriam começado após a vítima ter questionado os agressores sobre insultos homofóbicos que sofria
11:10 | Jul. 08, 2025
Um jovem de 17 anos, identificado como Fernando Vilaça, morreu na Zona Leste de Manaus (AM), após ser vítima de espancamento na quarta-feira, 2. O óbito foi confirmado na manhã de sábado, 5, por volta das 11h45min, de acordo com Boletim de Ocorrência, registrado na Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS).
A perícia do Instituto Médico Legal (IML) apontou, em laudo, que as causas da morte do jovem seriam edema cerebral, traumatismo craniano, hemorragia craniana e ação contundente.
O ataque iniciou após o estudante, que teria saído para fazer compras, questionar os agressores sobre ter sido chamado de “viadinho”. A partir daí, Fernando teria sido espancado até a morte. Moradores afirmam que o garoto era alvo constante de insultos de outros jovens da vizinhança.
Leia mais
Um vídeo gravado por testemunhas mostra Fernando Vilaça caído, com parte do corpo largado na calçada e o rosto em via pública, já desacordado após as agressões.
Pelo menos outros dois adolescentes que estavam próximos ao corpo do garoto são vistos correndo em fuga, enquanto outros homens tentam alcançá-los. Nas imagens, também é possível ver uma mulher correndo desesperada em direção ao rapaz e tentando levantá-lo do chão.
Fernando Vilaça chegou a ser socorrido para o hospital e em seguida foi transferido para outra unidade de saúde, onde passou por uma cirurgia, mas não resistiu.
Nas redes sociais, a Escola Estadual Jairo da Silva Rocha confirmou e lamentou a morte do estudante, publicando uma série de homenagens realizadas pelos colegas e pela instituição de ensino.
“Justiça por Nando. Tudo começa com uma brincadeira. Respeite o próximo”, escreve uma aluna em um dos cartazes.
Morte do jovem repercutiu nas redes sociais e reacendeu debates sobre violência na adolescência e homofobia
Nas redes sociais, a deputada federal Erika Hilton (Psol) afirmou que requereu ao Ministério dos Direitos Humanos o acompanhamento da investigação da morte.
A parlamentar classificou como “inaceitável um jovem sair para comprar leite e, pela homofobia alheia, não voltar pra casa. É dilacerante pensar que uma pessoa, que tinha a vida toda pela frente, teve sua trajetória interrompida por questionar o porquê de estarem lhe chamando de ‘viadinho’”.
Erika Hilton manifestou ainda sua revolta ao saber que “pessoas a mando dos agressores - que já foram identificados e estão foragidos - compareceram ao velório de Fernando para filmar o caixão”.
A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Amazonas publicou uma nota manifestando que recebeu com consternação a notícia do assassinato, o qual classificou como brutal.
“Em 2022, Manaus registrou o maior índice de mortes violentas à comunidade LGBTQIAPN+ no país, segundo dados do Observatório de Mortes e Violências LGBTI+, seguindo no topo da lista em 2023”, diz um trecho.
A entidade destaca ainda que “é necessária a proteção absoluta do direito de existir e amar por todos, independente da idade, gênero ou sexualidade, como garante o art. 5º da nossa Constituição Federal e o STF, em recente decisão, no sentido de reconhecer o crime de homofobia e equiparar seus efeitos ao racismo”.