Caso Isabele: MP denuncia pais da acusada de matar amiga adolescente

Os responsáveis legais foram denunciados pelos crimes de homicídio culposo, entrega de arma de fogo a pessoa menor, fraude processual e corrupção de menores

15:43 | Nov. 07, 2020

Isabele foi morta aos 14 anos com um tiro na cabeça em um condomínio de luxo no Mato Grosso. Tiro foi disparado por amiga da adolescente. Outras três pessoas foram indiciadas por participação indireta no crime (foto: Reprodução Instagram)

O Ministério Público do Estado de Mato Grosso denunciou pelos crimes de homicídio culposoentrega de arma de fogo a pessoa menor, fraude processual e corrupção de menores os pais da acusada de matar a amiga Isabele Guimarães, assassinada em julho deste ano, em um condomínio de luxo em Cuiabá.

O promotor de Justiça, Milton Pereira Merquiades, requereu como medidas cautelares diversas da prisão que os denunciados entreguem todas as armas de fogo e apetrechos de recarregamento de munição eventualmente existentes em seus poderes; a suspensão imediata da autorização para a prática de tiros, caça e coleção de armas dos denunciados; e a cassação definitiva dos respectivos registros de atiradores e colecionadores, caso a ação penal venha a ser julgada procedente.

Na denúncia, consta que, no dia do crime, o pai da garota realizava a manutenção das armas em acervo pessoal presente em sua residência, onde estavam seis adolescentes. Além de permitir que os jovens mexessem nas armas, determinou que a filha menor de idade guardasse uma delas, sem tomar os devidos cuidados. Para o promotor do caso, o denunciado "criou o risco da ocorrência do resultado, pois é de senso comum que a posse de armas por pessoas menores acarreta grande probabilidade de acidentes ou até mesmo na sua utilização dolosa por questões fúteis, e dessa forma por determinação legal, tinha o dever de impedir o resultado".

Ainda conforme Merquiades, “ao não tomar os cuidados necessários de vigilância e proteção, inerentes ao Poder Familiar, os denunciados, culposamente concorreram para que a menor desferisse um disparo de arma de fogo em face da vítima, causando-lhe a morte”. O promotor citou a negligência existente com a guarda de armas de fogo como uma "prática contumaz", pois elas eram guardadas em um móvel com fácil acesso e possível manipulação pelos filhos.

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"A entrega de armas de fogo e apetrechos destinados à fabricação/recarregamento de munição pelos denunciados e seus filhos menores era fato comum e corriqueiro na residência da família”, destacou, ressaltando que a conduta é "totalmente ilegal".

Segundo o promotor, os denunciados também retiraram objetos da cena do crime, “com o fim de produzir efeito em processo penal futuro”. A equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) presenciou a mãe da adolescente recolhendo apetrechos de manutenção de arma de fogo e chegou a adverti-la a respeito da preservação do local do crime até a chegada da polícia técnica.

Já o pai teria confrontado um dos integrantes da equipe dizendo que nada impediria a retirada daqueles objetos, sob a alegação de que o crime teria ocorrido em outro cômodo da casa. Por último, o promotor alegou que, na condição de genitores da adolescente, os pais acabaram por corrompê-la ao entregarem a arma de fogo à ela.