Fiocruz abre procedimento interno sobre prisão de pesquisador em desvio da Saúde

Guilherme Franco Netto é acusado de ser o contato da Fiocruz de um esquema de direcionamento de contratos

12:17 | Ago. 07, 2020

Vacina de nome ChAdOx1 n-CoV-19, feita pela Universidade de Oxford/Astrazeneca-Fiocruz, está na fase 3 de testes no Brasil. Ela deve ser uma das primeiras a ser distribuída no País. (foto: Bernardo Portella/Fiocruz/Divulgação)
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) abriu um procedimento interno para apurar as circunstâncias que teriam levado à prisão do médico e pesquisador da instituição, Guilherme Franco Netto, na manhã desta quinta-feira, em Petrópolis, na região serrana do Rio.
 
O pesquisador foi preso em uma ação da Operação Dardanários, um desdobramento da Lava Jato no Rio, que investiga desvios de recursos na área da saúde. O secretário de Transportes Metropolitanos de São Paulo, Alexandre Baldy, foi preso na mesma operação. Netto é acusado de ser o contato na Fiocruz de um esquema de direcionamento de contratos.
 
A prisão do pesquisador causou surpresa na Fiocruz, já que Netto é um profissional muito respeitado da instituição, responsável por pesquisas importantes sobre o impacto das manchas de óleo no litoral do Nordeste no ano passado e sobre o rompimento da barragem da mineradora Vale, em Brumadinho. Ele assina diversos textos sobre saúde coletiva em parceria com a atual presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, e é considerado referência em temas de saúde e meio ambiente.
 
"A Fiocruz foi surpreendida na manhã desta quinta-feira (6/08) com a informação veiculada pela imprensa sobre a prisão do pesquisador Guilherme Franco Netto", informou a instituição em nota. "A Fiocruz é rigorosa em seus mecanismos de controle e transparência inerentes ao sistema de integridade pública."
 
 
A nota lembra ainda que Netto é concursado e é um especialista de referência nas áreas de saúde e meio ambiente. "Diante das circunstâncias e como procedimento regulamentar, a instituição instaurou procedimento apuratório interno", anunciou a nota. "A Fiocruz defende o princípio constitucional de presunção de inocência, tem convicção de que os fatos serão devidamente esclarecidos e está dando todo apoio necessário ao seu servidor, em contato direto com a família."