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Einsten, Kilonova e Sobral - Qual a relação?

00:00 | 22/10/2017
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Caros leitores, hoje vamos comentar uma das mais importantes e recentes descobertas da Astrofísica – a detecção de uma Kilonova através das Ondas Gravitacionais. A descoberta, feita por astrofísicos americanos e europeus, foi anunciada no último dia 16 e oferece mais um grande avanço para o desenvolvimento da ciência e melhor compreensão do Universo.


Kilonova é um objeto celeste gerado pelo resultado da fusão de duas estrelas de nêutrons. Também é conhecido como uma Supernova de Processo – R. O gigantesco brilho inicial gerado na fusão diminui rapidamente, pois o Processo – R promove a formação de elementos químicos pesados no universo e que também formam os planetas, como a Terra, por exemplo. Essa pesquisa é da mais alta importância, pois esses elementos químicos são formados somente durante a fusão de estrelas de nêutrons, o que não se sabia antes. Alguns desses elementos são: Urânio, Ouro, Platina, entre outros. Foi a primeira vez que cientistas observaram esse tipo de fusão; antes haviam pesquisado e observado a fusão só de Buracos Negros.


O Fenômeno ocorreu há cerca de 130 milhões de anos, quando os dinossauros reinavam sobre a Terra. Mas por que somente agora estamos sabendo e observando esse fenômeno? Isso ocorre porque o evento estelar ocorreu na galáxia NGC 4993, localizada na constelação da Hidra (Hemisfério Sul), que se encontra a uma distância de 130 milhões de anos-luz da Terra, e essa distância nos diz quanto tempo a luz gasta para chegar ao nosso planeta. E o que isso tudo tem a ver com Einstein e Sobral (CE)?


A Astronomia é a mais antiga das ciências e o Universo é um laboratório para a humanidade. Foi através da observação astronômica que o homem aprendeu a se organizar em grupos, e também organizar seu tempo, criando calendários facilitando o surgimento da economia na regulagem sazonal das práticas agrícolas. O conjunto de conhecimentos adquiridos nas descobertas de gênios da humanidade ao longo dos séculos, foi de fundamental importância para uma melhor compreensão do Universo.

 

Em 1915, Einstein concebeu a Teoria da Relatividade Geral, na qual defendeu que um raio luminoso vindo de uma estrela ao passar por um campo gravitacional muito forte – como o de uma estrela como o Sol –, esse raio sofre um desvio. Esse fenômeno foi comprovado experimentalmente pela 1ª vez durante a observação de um Eclipse Total do Sol realizada em Sobral. Já no ano seguinte, o gênio mostrou que suas equações tinham outras soluções – indicavam a produção de Ondas Gravitacionais como consequência da aceleração de massas. Sobre isso, descrevemos abaixo um elucidativo texto do Prof. Dr. José Evangelista:


“Einstein tinha perfeita consciência da dificuldade de detectar diretamente as OGs que passam pela Terra, oriundas de fontes cósmicas. Por isso, nem chegou a incluí-las na lista de possíveis testes para sua Teoria da Relatividade. Desse modo, passaram-se anos e a existência das OGs era admitida apenas como um resultado teórico, sem confirmação experimental. Até que, na década de 1960, os astrofísicos descobriram e começaram a estudar um tipo novo de objeto cósmico, o Pulsar. Um pulsar é uma estrela de nêutrons bem compacta que gira com velocidades enormes emitindo pulsos de ondas eletromagnéticas. Joseph Taylor e Russell Hulse estudaram um sistema binário de estrelas de nêutrons, sendo uma delas um pulsar. As duas giravam, uma em redor da outra, em cerca de 8 horas por volta. Mas, esse período de rotação diminuía continuamente, indicando que as estrelas estavam espiralando uma na direção da outra, Usaram as equações de Einstein e as contas fecharam bem direitinho. Essa foi a primeira evidência para a existência real das OGs. Só que era uma evidência indireta. Mas, logo ficou claro que essa busca não seria fácil. Todas as tentativas feitas durante o século 20 se mostraram infrutíferas e nenhuma OG foi detectada por essas tentativas pioneiras. A partir de agora, com o sucesso da captação de ondas gravitacionais, esse quadro poderá mudar drasticamente. Como diz Kip Thorne, um precursor da pesquisa de OGs e participante do projeto LIGO: “O Universo gravitacional é extremamente diferente do Universo eletromagnético”. Isto é, com as observações das OGs poderemos aprender muita coisa que seria impossível com as observações eletromagnéticas. É provável que, a partir de agora, com o sucesso dessa primeira observação de uma OG, muitas outras venham a seguir. E, podemos dizer que a comunidade de astrofísicos e cosmologistas já está preparada para retirar informações dessas novas observações. Já existem inúmeros modelos teóricos e computacionais de como devem ser os sinais de outros tipos de eventos cósmicos que emitem OGs. Se as coisas correrem bem, em breve estaremos entrando em uma nova era de conhecimento sobre o Universo onde habitamos”.


Através das OGS, cientistas do Projeto LIGO (Laser Interferometer Gravitational-Wave Observatory) detectaram essa Kilonova. E defendo que isso é apenas um começo para novos horizontes da ciência moderna. Em maio de 2019, serão comemorados os 100 anos da observação do Eclipse observado em Sobral. Evento internacional ocorrerá na Cidade e já conta com apoio do Governo do Ceará, prefeito de Sobral Ivo Ferreira Gomes e secretário Inácio Arruda da Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Ceará (Secitece). Que venham cientistas do mundo inteiro para Sobral. Todas (os) serão muito bem recebidos – lá é diferente! De 26 a 29 de outubro, haverá debates sobre o tema durante a Feira do Conhecimento, no Centro de Eventos do Ceará.


BOM PARA CURTIR

www.facebook.com/planetarioRA

www.seara.ufc.br

 

Por Dermeval Carneiro

 

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