Palermo lamenta a morte de Miguel Russo, seu treinador no título da Libertadores de 2007
Hoje treinador do Fortaleza, Palermo era o centroavante e capitão do time comandando por Miguel Ángel Russo no título da Libertadores em 2007. O histórico comandante dos Xeneizes também treinou Palermo no início da carreira, no Estudiantes
10:09 | Out. 09, 2025
O técnico do Fortaleza, Martín Palermo, lamentou a morte de Miguel Ángel Russo, com quem foi campeão da Libertadores de 2007. O ex-atacante era uma das figuras de lideranças — e capitão no título — naquele estrelado Boca Juniors-ARG que conquistou a América sob o comando de seu histórico treinador, que faleceu nessa quarta-feira, 8, aos 69 anos, após complicações decorrentes de um câncer de próstata.
Em sua despedida, Palermo agradeceu pelo "legado deixado (por Russo) e pelos momentos compartilhados" com o técnico, por quem também foi treinado no Estudiantes-ARG, em 1994, quando ainda tinha apenas quatro jogos como profissional. O argentino encerrou a mensagem dizendo: "que em paz descanse", acompanhada com uma foto ao junto ao seu ex-comandante.
Uma dupla que funcionava
Sob o olhares de Miguel Russo, Palermo realizou 47 partidas e a média de triunfos era alta. Dessas, ganharam 25, com mais 11 empates. O camisa 9 balançou as redes em 24 oportunidades enquanto treinado por Russo, sendo quatro gols na Libertadores e 20 no Campeonato Argentino.
No início da carreira de centroavante, Russo foi um dos primeiros a perceber a qualidade de Palermo desde cedo. Fazia o jogador treinar entre os profissionais sempre que possível e o colocou em campo na Supercopa Libertadores de 1994, quando o Estudiantes foi derrotado para o Cruzeiro. Naquela época, Palermo tinha 21 anos e apenas quatro jogos como profissional.
Mesmo com poucos minutos, o então atacante saiu daquele ano campeão da Liga Nacional B com Russo e chegou a falar dos aprendizados daquele ano em entrevistas à impressa argentina, lembrando que seu técnico da época também havia começado, enquanto jogador, no Estudiantes — mas como volante.
Embora a imprensa do país falasse de um descontentamento de Palermo por "jogar pouco", ele sempre ressaltou, antes mesmo do reencontro, que não havia rancor entre ambos.
À época, havia uma pressão para Russo escalar o atacante por mais tempo, e dizeres de que ambos podiam ter desentendimentos após uma coletiva em que o treinador falou que o ofensivo ainda estava amadurecendo. Contudo, os dois firmaram uma relação forte, especialmente após se reencontrarem no Boca Juniors e Palermo figurar como capitão, sempre tratado pelo comandante como "um dos grandes ídolos do Boca Juniors, que ganhou tudo", em palavras dele.
Carrasco como treinador
A carreira de Miguel Russo foi longa, permitindo que ele pudesse ver o jogador, que ajudou a revelar, virar técnico e enfrentá-lo, sempre com cordialidade notável entre ambos. Mas Russo não aliviava para seu pupilo, Em cinco duelos na beira do campo, Palermo foi derrotado em todos.
Ao todo, foram quatro embates pela Liga Argentina, com quatro vitórias de Russo. Fora isso, um outro jogo impediu ainda o que seria o primeiro título de Palermo como treinador, quando o Rosario Central de Russo foi campeão da Copa da Argentina em cima da Platense de Martín Palermo. Antes da bola rolar na final, ambos trocaram abraços emocionados e a imagem circulou pelos jornais argentinos.
Legado de Miguel Russo
Ídolo do Boca Juniors, Russo foi o responsável, além de comandar Riquelme e companhia no último título da Copa Libertadores pelo Xeneize, por dirigir o clube entre as temporadas de 2020 e 2021 — período em que venceu a liga nacional. Neste ano, havia reassumido a equipe em maio e estava afastado de suas atividades pela doença.
Na Argentina, Russo trabalhou em diversas outras equipes além do Boca Juniors: Lanús, Estudiantes, Rosario Central, Vélez Sarsfield, San Lorenzo e Racing. Fora do país, também acumulou passagens pelo futebol colombiano, onde treinou o Millonarios; pelo futebol peruano, onde comandou o Alianza Lima; e pelo paraguaio, onde esteve no Cerro Porteño.
Como jogador, Russo atuava como volante e fez toda a sua carreira vestindo a camisa do Estudiantes, clube pelo qual conquistou dois títulos nacionais em sequência, em 1982 e 1983. Em 1988, decidiu se aposentar dos gramados e se tornar treinador. Seu primeiro clube à beira do campo foi o Lanús.
Em nota, o Boca Juniors, em profunda tristeza, destacou que Miguel Ángel Russo “deixa uma marca inapagável” no clube e que sempre será “um exemplo de alegria, cordialidade e esforço”.
Russo chegou a vencer o câncer em 2017
Em 2017, quando treinava o Millonarios, da Colômbia, Russo foi diagnosticado com um câncer de próstata. O argentino teve sucesso no tratamento e se recuperou da doença, dando continuidade à carreira. Neste ano, porém, voltou a ter complicações de saúde, em um contexto semelhante ao enfrentado anteriormente.