Volante do Fortaleza, Jussa fala sobre a luta contra o racismo: "Vou levantar essa bandeira sempre"

Jogador de 25 anos comemorou primeiro gol pelo Fortaleza com o punho erguido, gesto consagrado pelo movimento dos Panteras Negras contra a opressão e o racismo

11:08 | Abr. 16, 2021

Com o punho erguido, volante Matheus Jussa comemora gol no jogo Fortaleza x Bahia, na Arena Castelão, pela Copa do Nordeste (foto: Leonardo Moreira / Fortaleza EC)

O primeiro gol de Matheus Jussa com a camisa do Fortaleza saiu no clássico nordestino contra o Bahia, na vitória por 2 a 1 sobre o rival no Castelão, em duelo válido pela Copa do Nordeste. Na comemoração, o volante de 25 anos ergueu o punho cerrado, gesto consagrado pelo movimento dos Panteras Negras e símbolo da luta contra a opressão e o racismo.

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O gesto deve se repetir a cada gol marcado pelo jogador na temporada. Em entrevista para o FutCast, podcast do O POVO, o volante falou sobre a luta contra o racismo. Dentro do futebol, Jussa lembra de episódio quando ainda era criança.

"Me chamaram de neguinho. Fiquei meio baqueado porque era criança. Ninguém chama de branquinho. 'Vai, seu branquinho'. Quando acabou o jogo, falei com meus pais. Eles ficaram doidos. É difícil passar por cima disso. Eu sempre escutei dos meus pais que temos que ser forte e passar por cima de tudo isso", afirmou.

O atleta do Tricolor comentou ainda sobre o racismo estrutural na sociedade e falou sobre a importância de se posicionar no combate ao preconceito.

"Vou carregar e levantar essa bandeira sempre que puder, sempre que fizer um gol, porque precisa. É necessário, nossa história da raça negra é pesada. É difícil passar por cima disso. O negro que anda de carro bom pode ser parado a qualquer momento. É um receio de nós negros. Sempre que anda em carro bom, restaurante bom, frequenta lugares de alto nível, tem esse preconceito. Não precisa falar nada, só no olhar você já entende que tem certo preconceito", contou.

A entrevista completa com o volante pode ser ouvida abaixo. Ele narrou o início da trajetória como jogador, as principais dificuldades, o momento no Fortaleza e a busca pelo título no Nordestão.