Covid-19: liberação de máscaras no Ceará influenciou aumento da circulação, aponta Fiocruz

O risco da circulação do vírus, conforme o especialista, é o surgimento de novas Variantes de Preocupação, como a ômicron, que podem elevar os índices da doença

08:25 | Jun. 03, 2022

Uso de máscaras segue liberado em todo o Ceará (foto: Aurelio Alves)

A liberação do uso de máscaras contribuiu para manter a alta circulação do vírus na população cearense, de acordo com análise do pesquisador Eduardo Ruback, coordenador da Unidade de Apoio ao Diagnóstico da Covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Ceará. Em entrevista aos jornalistas Jocélio Leal e Rachel Gomes, da Rádio O POVO CBN, o especialista destacou ainda que o esquema de vacinação incompleto e a volta de grandes eventos também pode resultar em mais casos positivos.

O último boletim divulgado pela Fiocruz mostra que a curva nacional mantém sinal de crescimento nas tendências de longo (últimas seis semanas) e curto prazo (últimas três semanas). Das 27 unidades federativas do Brasil, 20 apresentam sinal de crescimento nos casos de Covid-19, entre elas o Ceará. No Estado, o cenário é de um "sinal moderado" de alta. O informativo mostra que a Covid-19 responde por 59,6% dos casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) que tiveram identificação viral nas últimas quatro semanas.

Ruback argumenta ainda que as decisões para liberação de máscaras não deveriam ser tomadas para um estado todo, mas considerar o cenário epidemiológico de regiões menores. “Você tem que ver como está cada localidade para saber se pode ou não liberar para determinada área”, pondera. Com a proximidade das festas juninas e a realização de eventos, o pesquisador alerta que uma liberação indevida pode ocasionar uma explosão de casos.

Ele enfatiza ainda que o risco da circulação do vírus é o surgimento de novas variantes, como aconteceu com a ômicron, responsável por um número significativo de infecções novas no Ceará e no Brasil. Atualmente, contudo, a Fiocruz não monitora nenhuma nova Variante de Preocupação (VOC), capaz de elevar os índices epidemiológicos.

No caso cearense, Ruback considera que o afrouxamento das medidas de controle da pandemia deveria ter acontecido de forma mais gradual, mas lembra que o uso dos equipamentos de proteção não foram proibidos. “As pessoas que não se sentem seguras continuam usando máscara. Meus filhos, por exemplo, vão para a escola com máscara. Isso é uma decisão pessoal de cada um”, ponderou.

A vacinação com todas as doses disponíveis também é uma cobrança do especialista, que aponta que a circulação significativa do vírus faz com que a população precise tomar reforço do imunizante. “Quando a circulação estiver baixa, o calendário vacinal vai ser muito parecido com outras vacinas que nós tomamos sazonais (como a da gripe)”, explica.

A desobrigação de uso de máscaras em ambientes fechados no Ceará começou no dia 15 de abril, após anúncio da governadora Izolda Cela (PDT). Apesar da flexibilização, ainda é obrigatória a utilização do equipamento de proteção individual em hospitais e em transportes públicos. 

Já a liberação de uso de máscaras em locais abertos começou ainda em março.