Covid: estudo confirma que não existe variante combinando Delta e Ômicron

Cientistas dizem que resultados da suposta nova variante eram fruto de contaminação em laboratório

19:25 | Jan. 24, 2022

A suposta nova cepa da Covid-19 foi anunciada como variante que combinava elementos das variantes Delta e Ômicron, mas o que houve foi uma contaminação de amostras (foto: NIAID)

No começo de janeiro, foi anunciada a descoberta de uma nova cepa da Covid-19, chamada de Deltacron, por pesquisadores do Chipre. A cepa, conforme os pesquisadores, apresentava elementos das variantes Delta e Ômicron, formando uma “supervariante”. No entanto, os dados foram revisados por outros cientistas que apontaram que a nova cepa não existe.

Em um artigo publicado na revista Nature, foi confirmado que há inconsistências nas análises genômicas realizadas. No começo de janeiro, o virologista e professor Leondios Kostrikis, da Universidade do Chipre e chefe do Laboratório de Biotecnologia e Virologia Molecular, relatou que a nova variante teria infectado pelo menos 25 pessoas. Todos os dados foram enviados para um popular repositório público de dados científicos.

Conforme informações do portal Correio Braziliense, especialistas declararam que o total de 52 sequências não apontavam para uma nova variante e não eram resultado de recombinação — o compartilhamento genético de informações — entre vírus. Os cientistas concluíram que, provavelmente, os resultados da suposta nova variante eram fruto de contaminação em laboratório.

Em uma publicação no Twitter, o membro da equipe técnica contra Covid-19 da Organização Mundial da Saúde (OMS), Krutika Kuppalli, disse que: "Não existe Deltacron. Ômicron e Delta não formaram uma supervariante". A publicação ocorreu dois dias depois do anúncio feito por Kostrikis.

De acordo com o artigo publicado na Nature, as sequências da Deltacron foram registradas por conta de um erro no laboratório que fez com que alterações presentes na Delta parecessem sequenciadas em conjunto com a Ômicron. “Esse gene da Delta não permite outras ligações em si. Portanto, a Ômicron não apresenta essa mutação”, explica Jeremy Kamil, virologista da Louisiana State University, nos Estados Unidos, e um dos integrantes da equipe revisora.

Depois do posicionamento dos cientistas, Kostrikis declarou que aspectos de sua hipótese original foram mal interpretados e que "apesar do nome confuso que alguns meios de comunicação tomaram para significar que as sequências eram as de um vírus recombinante Delta-Ômicron", ele não havia dito que as sequências representavam um híbrido.