Prefeitura quer vacinar 36 mil alunos da rede municipal até o fim do mês

Estudantes de 12 a 17 anos serão vacinados com a primeira dose (D1) em 93 postos de saúde e no Centro de Eventos até dia 30 de novembro. O objetivo é acelerar o processo para tornar o retorno às aulas presenciais mais seguro

19:59 | Nov. 17, 2021

Dificuldade de deslocamento foi o principal motivo para os adolescentes da rede municipal de educação ainda não estarem vacinados (foto: Fernanda Barros/Especial Para O POVO)

Até o fim do mês, as secretarias municipais da Educação e da Saúde pretendem vacinar todos os estudantes da rede municipal de ensino que têm entre 12 e 17 anos com a primeira dose (D1) da vacina contra a Covid-19. Para isso, uma ação conjunta das pastas levará 36 mil estudantes que ainda não se vacinaram aos 93 postos de saúde da Cidade e ao Centro de Eventos. A mobilização teve início na terça-feira, 16, e segue até o dia 30.

Inicialmente, tinham sido mapeados 10 mil alunos que perderam o agendamento para a vacinação, e as pastas haviam se planejado para disponibilizar cerca de 50 ônibus escolares para levá-los aos postos de saúde. A ação iria durar até a sexta-feira, 19. Porém, foram detectados mais estudantes ainda sem a vacinação, e a iniciativa foi ampliada.

O principal motivo para os adolescentes da rede municipal de educação ainda não estarem vacinados é a dificuldade de deslocamento, segundo a secretária da Educação de Fortaleza, Dalila Saldanha. Incluir a vacinação desse público na rotina da escola, então, foi a forma encontrada de acelerar esse processo.

"Sabemos que as famílias muitas vezes trabalham, a criança também fica na escola. Então, observamos que, se a gente, enquanto escola, incluísse isso como uma rotina do dia, ia conseguir atender de forma mais célere e garantir uma presença segura das crianças e para as famílias", afirma a secretária.

No primeiro momento, antes da ampliação do público contemplado e da duração, as vacinas seriam aplicadas apenas nos postos de saúde. A partir de segunda-feira, 22, os adolescentes também serão vacinados no Centro de Eventos, onde haverá espaço exclusivo de atendimento de até 3 mil estudantes por dia. "Nós vamos fazer a busca ativa de 100% (dos alunos) para que, até o dia 30, a gente consiga garantir a dose 1 de todos", diz Saldanha.

Acelerar o processo de vacinação, para a secretária, é importante para a retomada das aulas presenciais e a recuperação da aprendizagem. "Precisamos fazer (a vacinação) da forma mais acelerada possível porque os prejuízos na aprendizagem são também grandiosos, mas não irrecuperáveis. Por isso que esse processo de vacinação também faz parte desse processo de retorno e de recuperação da aprendizagem."

Dificuldade de deslocamento e distância entre o local agendado e a residência foram alguns pontos citados por estudantes ouvidos pelo O POVO que foram ser vacinados no posto de saúde no bairro Parque São José, nesta quarta, 17. Uma professora que acompanhava um dos grupos contou que percebe "certa animação" de um grupo maior de alunos, e resistência à vacina em pequena parcela.

"Agora mesmo estava conversando, e uma aluna (estava) dizendo que ela (estava) louca pela vacina, mas a mãe não quer. Mas a maioria é empolgação total. E é uma grande esperança, inclusive para toda a comunidade", conta a docente.

Estudantes também relataram dificuldades para estudar durante o período de ensino remoto e mostraram preferência pelo modelo presencial. "É bem mais fácil estudar no presencial, você acaba entendendo mais coisa do que estando em casa", conta uma das estudante.

As experiências pessoais relacionadas à própria doença e as perdas de familiares por conta dela também foram marcantes e impactaram o rendimento escolar de outra aluna, que se mostrou feliz por ter recebido a vacina.

"Foi muito difícil. Eu peguei Covid-19, todo mundo da minha casa pegou, várias pessoas da minha família morreram de Covid-19, e eu fiquei muito triste. Estudar em casa abalou muito, até porque eu não pensava em estudar, eu não me dedicava. Quando meus parentes morreram, eu fiquei literalmente sem chão", relata a adolescente.

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