Jovem usa mercadinho da família para ajudar pessoas no cadastro da vacina em Fortaleza

O comerciante teve a ideia de colocar uma plaquinha tira-dúvidas no estabelecimento, no início desta semana, para ajudar moradores que não têm acesso à internet a se cadastrarem na plataforma de vacinação

21:12 | Jun. 10, 2021

Ygor começou o "mutirão" dentro do comércio da família dele no inicio desta semana (foto: Arquivo Pessoal)

Há sete anos, Ygor Castro, 25, trabalha no mercadinho da família no bairro Vila Velha, em Fortaleza, mas se tornou mais do que um comerciante na última terça-feira, 8. Isso porque ele resolveu usar o estabelecimento para ajudar pessoas que não têm acesso à internet a se cadastrarem no site Saúde Digital, de vacinação contra Covid-19. 

Quem entra no mercado pode encontrar Ygor sentado em sua mesa de atendimento. Utilizando máscara, ele acessa um notebook onde há uma plaquinha colada, ilustrada com a imagem do Zé Gotinha, personagem que é "garoto propaganda" do Programa Nacional de Imunizações (PNI): "Cadastre-se e confira a data da sua vacinação aqui. #Vacinaparatodosjá".

A ideia da plaquinha tira-dúvidas surgiu nesta semana, quando o jovem percebeu que o número de pessoas que o procuravam sobre a vacinação era alto. Dentre as principais dúvidas, estão aquelas sobre como fazer o cadastramento, onde se vacinar e quais documentos são necessários para realizar o processo. Todas as perguntas são feitas por moradores acima de 45 anos, que não têm acesso ou não sabem utilizar a internet.

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O jovem, que é formado em Administração, percebeu essa dificuldade da população ainda no ano passado, quando foi lançado o auxílio emergencial, e o cadastro também era feito de forma online. No entanto, à época, Ygor não chegou a fazer mutirão para ajudar. Segundo ele, os moradores tinham a opção de ir ao banco e estavam interessados no benefício, o que fez com que buscassem informações. "O cadastro da vacinação é mais complexo, e o sistema não ajuda muito. Já vi muitas pessoas tentando e não conseguindo, aí desistem. É muito complicado fazer de primeira", destaca.

O comerciante ainda lista outras razões que dificultam o processo: "O Governo Federal não estimula, e as pessoas acabam deixando de lado, tem a questão da distância também [dos postos de vacinação], do medo da vacina". 

Senso de coletividade

Só nesta quinta-feira, 10, o jovem diz ter tirado dúvidas de cerca de dez pessoas, além de ter cadastrado três no sistema, todas acima de 45 anos. Trabalhando de domingo a domingo, das 6h às 22 horas, e recebendo todo tipo de público, o comerciante afirma que realiza ação também como forma de prevenção, para ajudar a frear o número de casos da doença na região.

"É o senso de coletividade. O pessoal vinha aqui quase toda semana, todo dia, e a pessoa ficando livre da doença, se vacinando, tanto fica bom pra ela como pra mim. A gente está a mercê da sorte", destaca Ygor, frisando a importância de contribuir para o bem coletivo, principalmente na pandemia.