Em redes sociais, médico oferece atestados para não uso de máscaras e chama equipamento de "focinheira"

O uso de máscaras é obrigatório e comprovadamente eficaz para retardar a transmissão de Covid-19

16:44 | Out. 28, 2020

Sérgio Marcussi atende em Belo Horizonte como ginecologista e nutrólogo. Além de defender o não uso de máscaras, ele acredita que não existe pandemia e que a vacinação não deve ser obrigatória (foto: Reprodução/Instagram)

O médico Sérgio Marcussi, de Belo Horizonte (MG), tem oferecido atestados médicos em redes sociais para pessoas que não querem usar máscaras durante a pandemia de Covid-19. Em uma postagem no Twitter, do dia 26 de outubro, o ginecologista e nutrólogo afirma que, em apenas um dia, já tinha feito 20 atestados do tipo. Nas palavras dele, a máscara é uma“focinheira” ou um “cabresto”.

Na Lei Federal 14.019, o artigo sétimo define que pessoas com “transtorno do espectro autista, com deficiência intelectual, com deficiências sensoriais ou com quaisquer outras deficiências que as impeçam de fazer o uso adequado de máscara de proteção facial” estão dispensadas do uso da máscara.

No entanto, não parece ser os casos atendidos por Marcussi: “Melhor que ser retardado usando máscara! Kkkk para cada atitude imbecil da esquerda teremos uma resposta inteligente da direita. Eles vem com a “ciência” deles e nos com a razão. (sic)”, publicou em seu Twitter.


 

O médico é atuante nas redes sociais e as utiliza para defender o não uso de máscaras, a não obrigatoriedade da vacina e que não existe pandemia. No perfil do Instagram de Sérgio, é possível ver imagens do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) - que tem desmerecido a pandemia desde o começo - e conselhos para os seguidores usarem, como tratamento precoce, ivermectina, hidroxicloroquina e vitamina C. Nenhuma das medicações é cientificamente eficaz contra a Covid-19. Na realidade, a hidroxicloroquina pode piorar os quadros dos pacientes com a doença.  

O médico apagou a conta no Twitter, onde divulgava as informações necessárias para confecção do atestado. Contatado pelo O POVO, o Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM-MG) afirmou, em nota, que irá apurar as denúncias. O procedimento correrá em sigilo. Ainda, o conselho reforça que as medidas reconhecidas para contenção da pandemia de Covid-19 são o uso de máscaras, higienização constante das mãos, evitar tocar a face e distanciamento social.

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Em Belo Horizonte, o uso de máscaras de proteção é obrigatório para toda a população nos momentos de circulação em espaços públicos. De acordo com o último boletim epidemiológico da cidade, publicado nessa terça-feira, 27, 1.465 pessoas já morreram de Covid-19 em BH. Atualmente, são 47.755 confirmados.

No mundo, a pandemia já matou 1.169.052 pessoas, segundo a plataforma da universidade John Hopkins, atualizada às 12h24min desta quarta-feira, 28. Só entre o dia 27 e 28 de outubro, o mundo já registrou mais de meio milhão de contaminados pela doença. Os dados são do levantamento da agência AFP.