Dr. Cabeto: "Leito de UTI Não é simplesmente comprar respirador"

Secretario conversou à rádio O POVO CBN na manhã desta quarta-feira sobre a situação de saúde do estado do Ceará no combate ao novo coronavírus; para Cabeto, cerca de 400 respiradores até então são necessários para ser possível atender a todos dentro da capacidade do sistema público

13:36 | Mai. 13, 2020

FORTALEZA, CE, Brasil. 16.03.2020: Coletiva sobre o coronavirus no Palácio da Abolição com o governador Camilo Santana, Roberto Cláudio, Dr. Cabeto e José Sarto. Na foto: Doutor Cabeto, secretário da Saúde do Ceará. (Foto: Deísa Garcêz/ Especial para O POVO) (foto: DEÍSA GARCÊZ/Especial para O POVO)

Em entrevista à rádio O POVO/CBN, o titular da Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa), Dr. Cabeto, deu mais detalhes sobre a compra e a chegada de novos respiradores para compor unidades de tratamento intensivo (UTIs) destinadas ao combate do novo coronavírus no Estado. Em última atualização às 10 horas desta quarta-feira, 13, o Ceará chegou a 18.688 casos e 1.319 mortes por Covid-19.

Cabeto falou sobre a preocupação em comparar gastos dos equipamentos do Ceará com outros estados pelo País. Para o titular, é um parâmetro desigual que pode favorecer a circulação de notícias falsas sobre o assunto. "As pessoas compararam um estado que comprou respirador de transporte, maquinas de uso domiciliar de fato com respiradores de alto padrão para tratar de doenças com síndromes respiratórias. Esses valores de mercado tem sido muito variados", informou. Sobre os gastos, o médico afirmou que eles são diferentes de outros períodos devido à emergência no Ceará e no mundo. "Em situação de epidemia, às vezes os valores não representam o que é uma situação fora [do estado de pandemia]".

Diariamente a secretaria vem se reunindo por videoconferência com a chinesa Meheco (Medical Health Company), no qual o Estado já empenhou R$179.154.196,06 à empresa destinados aos recursos no combate a Covid-19. Os dados estão disponíveis para acesso público na plataforma Ceará Transparente. 

Apesar dos altos índices de compra, Cabeto alertou para informações erradas sobre a montagem de um leito de UTI. "Leito de UTI não é simplesmente comprar respirador. Precisa de monitor, de doutor qualificado, precisa de insumo, é uma estrutura muito cara", explicou. Em última atualização da plataforma IntegraSUS, a taxa de ocupação de UTIs está em 89,65%. Já o índice para leitos de enfermaria estão em 79,2%.

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Cerca de 200 respiradores, até então, são necessários nivelar a situação no Ceará

Durante a entrevista, Cabeto estimou que em torno de 300 a 400 respiradores possam ser suficientes para atender as demandas de saúde no decorrer da evolução atual da doença no Ceará. 60 dias após 1º caso no Ceará, a letalidade da doença está em 7%. Segundo o secretário, atualmente há a necessidade de 150 a 200 respiradores para os tratamentos. O restante do número, que chega aos 400, é necessário para concretizar leitos de UTIs no interior cearense. "É bom lembrar que já haviam deficit de UTIs no Brasil inteiro anteriormente", conversou.

"É preciso corrigir isso e assumir que esse plano de investimento na saúde precisa melhorar para que a gente possa, em situações criticas como essa, dar a melhor resposta. E o planejamento da saúde tem obedecido esses critérios."