Após críticas de Bolsonaro, Mandetta se coloca como "médico que não abandona o paciente"

O ministro, que recebeu apoio do Congresso Nacional através do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, também afirmou que permanecerá "trabalhando para salvar o maior número de vidas que conseguir"

16:09 | Abr. 03, 2020

Bolsonaro fica fraco e Mandetta sai forte (foto: Sergio LIMA / AFP)

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, respondeu à críticas públicas tecidas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), de que estaria "faltando humildade" ao titular da pasta. A aliados, Mandetta tem afirmado que assumirá a postura de "médico que não abandona o paciente" diante do enfrentamento à pandemia do novo coronavírus (Covid-19). As informações são do O Globo.

O ministro, que recebeu apoio do Congresso Nacional através do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, também afirmou que permanecerá "trabalhando para salvar o maior número de vidas que conseguir" e disse que só deixará o Ministério se for demitido por Bolsonaro.

Participando de uma conferência de medicina, Mandetta não acompanhou a entrevista do presidente da República na noite de quinta-feira, 2, onde as críticas foram feitas. Questionado pela reportagem do O Globo, ele disse que não sabia dos comentários pois estava "trabalhando".

Alguns de seus aliados classificaram sua resposta como uma saída estratégica para continuar no cargo de ministro enquanto for preciso "trabalhar". Mesmo com a confirmação de pessoas próximas de que Mandetta encontra-se "decepcionado" com o tratamento que vem recebendo do presidente, o titular federal da saúde segue conselhos de que mantenha "a frieza de um médico" diante de uma doença grave, sem se deixar abalar.

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Presidente e ministro discordam diante da abordagem da pandemia de Covid-19. Bolsonaro afirmou, por mais de uma vez, que o isolamento social pode causar danos irreparáveis na economia, e já chegou a pedir que as pessoas voltem ao trabalho, o que vai de encontro ao posicionamento de Mandetta — que incentiva a população a não sair de casa e não trabalhar, já que o sistema de saúde poderia entrar em colapso com uma grande procura causada por um pico da doença.

Após admitir em entrevista que estava "se bicando" com Mandetta há algum tempo, o presidente também informou que não pretendia demiti-lo "no meio da guerra". "Em algum momento, ele extrapolou", afirmou Bolsonaro, dizendo também que o ministro deveria "ouvir um pouco mais o presidente da República".

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