Morre Lindomar Castilho, o "rei do bolero" e cantor de "Você é doida demais"
Artista fez sucesso na década de 1970 e caiu em desgraça após assassinar a ex-mulher, em 1981
11:32 | Dez. 20, 2025
Conhecido como “rei do bolero”, o cantor Lindomar Castilho morreu neste sábado, 20, aos 85 anos. A notícia foi divulgada pela filha do artista, Lili de Grammont, nas redes sociais.
“Meu pai partiu! E como qualquer ser humano, ele é finito, ele é só mais um ser humano que se desviou com sua vaidade e narcisismo. E ao tirar a vida da minha mãe também morreu em vida. O homem que mata também morre. Morre o pai e nasce um assassino, morre uma família inteira,” escreveu a coreografa e diretora.
A causa da morte do cantor, assim como velório e sepultamento não foram divulgados.
Lindomar é um dos maiores nomes da música brega brasileira. Ele se consolidou na década de 1970, juntamente com outros nomes do gênero como Odair José e José Ribeiro.
Castilho gravou músicas como “Vou rifar meu coração”, “Nós somos dois sem vergonha”, “Você é doida demais”, que foi tema de abertura da série “Os normais”, da TV Globo, e “Tapas e beijos”, regravada posteriormente pela dupla sertaneja Leandro e Leonardo.
Com o sucesso obtido na década de 1970, acabou ganhando o título de “rei do bolero”.
Lindomar Castilho: carreira e sucessos
Lindomar Castilho nasceu Lindomar Cabral, em Rio Verde (GO). Ele iniciou sua carreira na música ainda jovem, após ser ouvido por um diretor de uma gravadora. Era aluno do curso de Direito e cantava em pequenos saraus da região.
Seu primeiro álbum, "Canções que Não Se Esquecem", foi lançado em 1960. Nele, o artista abusava do sentimentalismo que faltava às rádios na época.
O nome artístico foi uma sugestão de Diego Mulero, diretor da gravadora, que acreditava que, assim, ele alcançaria o mercado latino-americano.
A consagração veio em 1966, após o lançamento do álbum “Mensagem de carinho”.
Já na década de 1970, Castilho troca a gravadora Continental pela CBS, onde lançou o álbum “Vou rifar meu coração,” com mais de 500 mil cópias vendidas.
Também na década de 1970, Lindomar Castilho gravou o hit “Você é doida demais”, que alcançou o topo das paradas musicais.
Lindomar Castilho foi preso em flagrante por feminicídio
Mesmo com o enorme sucesso, Lindomar Castilho caiu em desgraça após assassinar a ex-mulher, cantora e compositora Eliane de Grammont, em 1981.
Mais de 40 anos depois, a morte da artista é um dos casos de feminicídio mais conhecidos do País. Ele foi condenado a 12 anos de prisão, cumpriu parte da pena e deixou a cadeia na década de 1990.
Eliane de Grammont dava os primeiros passos na música quando conheceu Lindomar Castilho. Após o casamento, ela abandonou a carreira e passou a cuidar da filha do casal.
O relacionamento durou cerca de dois anos e foi marcado pelo alcoolismo, ciúme e agressões constantes de Lindomar.
Aos 25 anos de idade, Eliane decidiu pôr fim ao relacionamento. Inconformado com a decisão, Lindomar Castilho matou a ex-mulher com cinco tiros, no dia 31 de março de 1981, enquanto ela se apresentava em um bar de São Paulo.
Preso em flagrante, ele foi condenado a 12 anos e dois meses de prisão. Metade desse período foi cumprido em regime aberto.
Em 1996, após o fim da sentença, Lindomar Castilho tentou retomar a carreira, lançando o disco "Muralhas da Solidão", concebido enquanto ele estava na penitenciária. No entanto, o trabalho não foi aceito pelo público.
Morre Lindomar Castilho: Confira a nota de Lili de Grammont, filha do cantor
Hoje um ciclo se encerra…
O que te faz ser quem você é? As palavras não são suficientes para explicar o que estou sentindo! Só sinto uma humanidade imensa, sinto o tanto que estamos nesta terra para evoluir. Sinto o poder das coisas que verdadeiramente importam.
Meu pai partiu! E como qualquer ser humano, ele é finito, ele é só mais um ser humano que se desviou com sua vaidade e narcisismo. E ao tirar a vida da minha mãe também morreu em vida. O homem que mata também morre. Morre o pai e nasce um assassino, morre uma família inteira.
O que fica é: Somos finitos, nem melhores e nem piores do que o outro, não somos donos de nada e nem de ninguém, somos seres inacabados, que precisamos olhar pra dentro e buscar nosso melhor, estar perto de pessoas que nos ajudem a trazer a beleza pra fora e isso inclui aceitarmos nossa vulnerabilidade.
Assim me despeço do meu pai, com a consciência de que a minha parte foi feita com dor sim, mas com todo o amor que aprendi a sentir e expressar nesta vida.
Se eu perdoei? Essa resposta não é simples como um sim ou não, ela envolve tudo e todas as camadas das dores e delícias de ser, um ser complexo e em evolução.
Diante de tudo isso, desejo que a alma dele se cure, que sua masculinidade tóxica tenha sido transformada.
Pai, tudo é fulgaz, não somos donos de nada e nem de ninguém. O que fica é a essência! O que fica é o religar, das almas que se conectam. O poder exige responsabilidade. Escolha sua melhor parte! Somos luz e sombra, tenha coragem de escolher sua luz.
Me despeço com a certeza de que essa vida é uma passagem e o tempo é curto para não sermos verdadeiramente felizes, e ser feliz é olhar pra dentro e aceitar nossa finitude e fazer de cada dia um pequeno milagre.
Pai, descanse e que Deus te receba, com amor… E que a gente tenha a sorte de uma segunda chance.
Lili