The Outer Worlds 2: Um RPG espacial cheio de ação, liberdade e humor
Sequência do aclamado RPG espacial, "The Outer Worlds 2" aprimora é o melhor e mais confiante trabalho de sua desenvolvedora até agora
15:08 | Dez. 15, 2025
“The Outer Worlds 2” é a prova de que a “Obsidian” conseguiu, ao longo do tempo, transformar sua experiência com RPGs em algo mais refinado e autoconfiante. O jogo mantém o DNA do primeiro, mas eleva o conjunto com um sistema de progressão mais ousado, combates mais satisfatórios e uma liberdade narrativa rara de se encontrar hoje em dia. É um “’Fallout’ no espaço” que finalmente encontra identidade própria.
A narrativa continua marcada por sátira e dilemas morais. As decisões têm peso real, podendo alterar o destino de facções inteiras. Companheiros são carismáticos e úteis, com habilidades únicas e missões próprias. A ausência de romances não prejudica, já que o foco é o desenvolvimento coletivo. Concluir a campanha principal leva em torno de 20 horas, mas múltiplos caminhos e falhas personalizadas incentivam recomeçar.
A jogabilidade segue focada em combate e exploração, porém agora tudo responde com mais fluidez do que nos RPGs anteriores da “Obsidian” e até no “Avowed”, também lançado em 2025. A movimentação está mais precisa, as armas têm impacto e variedade — de fuzis pesados a escopetas de três canos —, e o sistema de gadgets traz estratégia. A desaceleração do tempo (“Tactical Time Dilation”) é fundamental para planejar disparos e detectar pontos fracos. Os controles padrão funcionam bem, mas vale ajustar a sensibilidade do analógico e remapear os atalhos de gadgets, já que o jogo costuma repetir o último item usado, o que pode causar confusão em meio ao tiroteio. No geral, dominar o ritmo das trocas de arma e a gestão de munição faz diferença, sobretudo nas dificuldades mais altas.
Visualmente, “The Outer Worlds 2” não impressiona pelo realismo, mas pela coerência estética e pela direção de arte. Os cenários são amplos, com colônias e planetas vibrantes, e há um equilíbrio entre o tom retrofuturista e o humor ácido da série. Mesmo assim, as telas de carregamento entre planetas tiram um pouco a imersão, e a ausência de viagem rápida entre sistemas causa alguma frustração. Por outro lado, o desempenho técnico é consistente. Tanto em PCs de médio desempenho quanto nos consoles, o jogo se mantém estável, com quedas de frames raras. Há bugs pontuais – personagens sumindo, botões que não respondem –, mas nada que impeça o progresso.
O som é um dos pontos mais consistentes. Armas têm peso acústico, e o uso de efeitos metálicos e reverberações dá credibilidade às batalhas em ambientes fechados. O design sonoro mantém o jogador alerta, com alarmes corporativos, ruídos mecânicos e vozes de companheiros que enriquecem a ambientação. A trilha mistura tons de ficção científica e faroeste espacial, reforçando o clima de aventura decadente.
Mesmo sem revolucionar o gênero, “The Outer Worlds 2” entrega um RPG robusto, espirituoso e com alma própria – o melhor trabalho da desenvolvedora “Obsidian” em anos.
Davi Rocha é integrante do canal de Youtube Bacontástico