'Ghost of Yotei' oferece uma bela experiência no PlayStation 5

"Ghost of Yotei" combina narrativa madura, combates refinados e visuais deslumbrantes.

14:00 | Out. 14, 2025

Por: Davi Rocha
Ghost of Yotei é um espetáculo de luz, cor e textura (foto: Sucker Punch Productions/ Divulgação)

O novo título da Sucker Punch Productions, “Ghost of Yotei” representa o que há de mais avançado na geração atual de jogos de mundo aberto. Ambientado em Ezo — a atual cidade de Hokkaid, no Japão — o game coloca o jogador no papel de Atsu, uma guerreira que retorna à sua terra natal para se vingar dos assassinos de sua família, o grupo conhecido como Yotei Six. A narrativa é ao mesmo tempo épica e intimista, com foco no conflito interno da protagonista. Enquanto Jin Sakai, herói do jogo anterior, dividia-se entre a honra samurai e o pragmatismo ninja, Atsu carrega o fardo de uma vida moldada pela vingança, perguntando-se se ainda resta humanidade por trás do desejo pelo sangue do inimigo.

A história é longa e envolvente, dividida em três atos bem definidos. As caçadas aos vilões do jogo, conhecidos como “Yotei Six” funcionam como capítulos autônomos, cada um trazendo dilemas morais e consequências palpáveis. A duração média do título é de 60 a 70 horas, com amplas possibilidades de exploração. Há muito o que fazer e descobrir, e o sistema de rumores substitui os tradicionais ícones de mapa, estimulando a curiosidade em vez da rotina.

O controle de Atsu é ágil e responsivo, sobretudo nos confrontos corpo a corpo. A Sucker Punch aprimorou o sistema de combate do jogo anterior, trocando os estilos de espada por armas específicas — como as katanas duplas e a odachi, uma longa espada japonesa —, cada uma com movimentos e golpes especiais próprios. O resultado é um combate mais orgânico, que alterna entre ofensiva e defesa em ritmo intenso. Os ataques são guiados por cores: azul para aparar, vermelho para desviar e amarelo para contra-atacar. A única dificuldade surge em lutas com múltiplos inimigos, quando a câmera, muitas vezes, perde o enquadramento ideal. A ativação manual do travamento de alvo melhora o controle nesses casos. Os recursos táteis do DualSense ampliam a imersão: sentir o vento, perceber a vibração de cada golpe e desenhar kanjis no touchpad criam uma conexão física pouco comum entre jogador e personagem.

Confira um trecho do jogo "Ghost of Yotei":

Visualmente, “Ghost of Yotei” é uma das obras mais impressionantes já produzidas para o PS5. O mundo é um espetáculo de luz, cor e textura. Campos cobertos de flores, montanhas nevadas e bosques avermelhados compõem paisagens que beiram o fotográfico. A clareza visual é constante, e o desempenho é impecável — sem quedas perceptíveis de taxa de quadros. Em muitos momentos, a beleza dos cenários é tamanha que se torna um obstáculo: é difícil resistir à tentação de parar e abrir o modo foto.

O som acompanha o mesmo nível de qualidade. O uso da trilha e dos efeitos é preciso — o estalar de uma lâmina, o farfalhar das folhas, o trovão distante — tudo reforça a sensação de presença. Os diálogos são bem atuados e as pausas silenciosas entre as falas carregam tanto peso quanto a música.

“Ghost of Yotei” atinge equilíbrio raro entre narrativa, técnica e arte. É um jogo extenso, belo e emocionalmente denso, que exige contemplação tanto quanto habilidade. A ausência de pressa é sua maior virtude e seu único defeito: quem busca ação constante pode estranhar o ritmo mais meditativo. Após dezenas de horas imerso em Yotei, ficou a sensação de que a Sucker Punch entregou algo maior do que um jogo: um exercício de harmonia entre gameplay e arte.

Davi Rocha é integrante do canal de Youtube Bacontástico