Novo clássico do horror, 'Cronos' une história sombria e retrofuturismo

Misturando ficção científica e horror psicológico, "Cronos: The New Dawn" impressiona com atmosfera sombria, narrativa densa e direção de arte marcante

15:11 | Out. 13, 2025

Por: Davi Rocha
A narrativa sombria e o retrofuturismo fazem de 'Cronos: The new dawn' um novo clássico dos jogos de horror (foto: Bloober Team/ Divulgação)

“Cronos: The New Dawn”, novo projeto da Bloober Team — estúdio polonês conhecido por seu domínio do horror psicológico — combina ficção científica e terror em um cenário devastado, onde o jogador controla a Viajante, uma agente do Coletivo encarregada de investigar um fenômeno que mudou o curso da história. A narrativa alterna entre uma Polônia comunista dos anos 1980 e um futuro em ruínas, misturando temas de identidade, culpa e sobrevivência. A história flui de forma lenta, mas instigante, lembrando clássicos como “Silent Hill” e “Dead Space”, com o diferencial de incluir discursos filosóficos sobre o individual e o coletivo, o que torna o enredo mais denso do que o habitual em jogos do gênero.

A movimentação da personagem controlado pelo jogador é deliberadamente pesada. A ausência de uma função de esquiva e o ritmo cadenciado dos combates exigem paciência e estratégia. Como todo bom jogo do gênero de horror e sobrevivência, o jogador precisa administrar munição, combustível e espaço no inventário, o que reforça o clima de tensão constante. É comum sentir-se vulnerável, principalmente quando os inimigos, chamados Órfãos, se fundem com os corpos dos caídos e se tornam monstros ainda mais perigosos. O ideal é usar fogo para impedir essas fusões, mas o combustível, obviamente, é escasso.

Confira o trailer de "Cronos: The new dawn"

Os visuais em Cronos chamam a atenção pela estética brutalista: prédios de concreto corroído e máquinas cobertas de ferrugem contrastam com explosões de luz retrofuturista. A atmosfera é densa e deliberadamente opressiva, mantendo o jogador envolvido. Embora ocorram pequenas quedas de desempenho em combates mais intensos, a direção de arte é notável. A iluminação e as texturas contribuem para um universo verossímil e desconfortável, acentuando a sensação de isolamento e decadência. Em PCs mais potentes ou no PS5 Pro, a imersão aumenta ainda mais, acompanhando a qualidade visual superior.

O som é uma das maiores forças do jogo. Os ruídos metálicos, os ecos em corredores vazios e os gritos distorcidos dos inimigos constroem uma atmosfera quase insuportável de tensão. A trilha, marcada por sintetizadores sombrios, evoca o espírito dos anos 1980 e contribui para o sentimento de estar em um pesadelo tecnológico. Cada fusão entre monstros soa viscosa, repulsiva e fascinante.

“Cronos” oferece entre 12 e 15 horas de campanha, mas incentiva o retorno com um modo New Game+, que libera novos níveis de dificuldade e mais segredos. A caça a colecionáveis, como gatos e revistas, amplia a longevidade da experiência. O game é uma obra marcante para quem busca horror denso e reflexão em meio ao caos.

Davi Rocha é integrante do canal de Youtube Bacontástico