Shinobi: O retorno surpreendente de um clássico da Sega

"Shinobi" equilibra bem nostalgia e inovação em um gameplay desafiador e viciante e um visual deslumbrante

18:10 | Set. 01, 2025

Por: Davi Rocha
Shinobi: Art of Vengeance conta uma história de vingança e reconstrução (foto: Divulgação)

“Shinobi: Art of Vengeance” surge como uma das grandes surpresas de 2025. Para quem não está muito acostumado a videogames, vale explicar: é um jogo de ação 2D em que o jogador assume o papel do clássico personagem da era dos fliperamas, o ninja Joe Musashi. O objetivo do game é enfrentar inimigos, percorrer plataformas e explorar ambientes repletos de segredos. Desde os minutos iniciais, dá a impressão de algo contemporâneo que, ao mesmo tempo, honra as raízes da franquia da japonesa, Sega.

A história não é complexa, mas cumpre seu papel. Joe Musashi busca vingança contra um inimigo poderoso que destruiu sua vida tranquila. O enredo lembra outros jogos de ação, como “Ninja Gaiden” — que também teve um ótimo lançamento este ano com “Ninja Gaiden: Ragebound” —, mas aqui há mais foco na estética e na intensidade das batalhas do que na narrativa. Ainda assim, há dublagens competentes que dão peso emocional às cenas.

O controle do personagem é, ao mesmo tempo, acessível e desafiador. A movimentação básica, como pular, correr e usar ataques simples, responde de forma fluida e imediata. Com o tempo, novas habilidades são desbloqueadas, como ganchos para escalar paredes ou um planador para aproveitar correntes de vento. Isso torna a jogabilidade mais profunda, mas pode assustar quem faz uma pausa longa antes de voltar a jogar, já que há muitas combinações de golpes possíveis e nem todas são intuitivas. A configuração padrão dos botões funciona bem, mas ajustar a sensibilidade dos comandos no menu pode ajudar a evitar erros, principalmente nos trechos de plataforma mais exigentes.

Visualmente, é difícil não ficar impressionado com “Art of Vengeance”. Os cenários parecem quadros pintados a mão, e ver o jogo em movimento é um espetáculo à parte. Há momentos em que a câmera se aproxima ou se afasta naturalmente, mostrando a grandiosidade de monstros ou festivais iluminados por lanternas. As cores são vibrantes e o nível de detalhe chega a distrair, já que o olho quer acompanhar cada traço artístico. O desempenho do game é estável, tanto nos consoles quanto no PC e nunca prejudica a clareza do que acontece na tela, mesmo nas lutas mais agitadas.

O som reforça a imersão. A trilha combina música eletrônica com instrumentos japoneses tradicionais, criando uma atmosfera única. Algumas faixas grudam na memória e combinam perfeitamente com o ritmo acelerado da ação. Os efeitos sonoros das espadas, shurikens e golpes especiais soam claros e impactantes, dando a sensação de estar no controle de um guerreiro habilidoso.

Quanto ao tempo de jogo, uma campanha típica leva entre 10 e 20 horas, dependendo do estilo de cada jogador. Há muitas áreas opcionais e segredos que incentivam revisitar fases com novas habilidades. Para quem gosta de desafio, existe ainda o “Modo Arcade”, que aumenta a rejogabilidade e permite competir por pontuações altas.

Nem tudo é perfeito. A exigência de refazer fases para liberar segredos pode parecer repetitiva, e o sistema de pontuação favorece quem completa os níveis sem levar dano, o que acaba sendo punitivo em mapas longos. Ainda assim, a beleza dos cenários, a fluidez da jogabilidade e a intensidade da trilha sonora tornam “Shinobi: Art of Vengeance” um dos melhores retornos recentes do mundo dos games.

Davi Rocha é integrante do canal de Youtube Bacontástico